BdP espera crescimento de 2,5% este ano e desaceleração até 2019

Da Redação
Com Lusa

O Banco de Portugal (BdP) reviu em alta a projeção de crescimento da economia portuguesa entre 2017 e 2019, esperando agora que cresça 2,5% este ano, mas continuando a antecipar uma desaceleração nos dois anos seguintes.

De acordo com o Boletim Econômico de junho, o BdP melhorou em 0,7 pontos percentuais a projeção para o Produto Interno Bruto (PIB) este ano face ao antecipado em março (para os 2,5%), em 0,3 pontos percentuais o valor esperado em 2018 (para os 2%) e em 0,2 pontos percentuais em 2019 (para os 1,8%).

Esta revisão em alta das previsões de crescimento da economia portuguesa foi, assim, mais acentuada em relação ao ano em curso, o que reflete um desempenho mais positivo do que o esperado do primeiro trimestre, tendo sido mais modesta para os anos seguintes.

No entanto, tal como em março, a instituição liderada por Carlos Costa continua a antecipar uma desaceleração do ritmo de crescimento em 2018 e 2019, apesar de ter melhorado as projeções para todos os anos em análise.

A confirmarem-se as estimativas hoje avançadas pelo BdP, isso significa que este crescimento da economia portuguesa de 2,5% em 2017 ficará ao nível do registado em 2007, sendo preciso recuar até ao ano de 2000 para encontrar um nível de crescimento do PIB superior (foi 3,8% naquele ano).

No Programa de Estabilidade apresentado em abril, o Governo antecipou um crescimento de 1,8% este ano, mas o ministro das Finanças, Mário Centeno, disse posteriormente em entrevista à Reuters que poderá ficar acima dos 2%.

Para 2018, a estimativa oficial é de um crescimento de 1,9% do PIB, que deverá chegar aos 2% no ano seguinte, segundo o Programa de Estabilidade.

Estes números apontam também para que o PIB cresça a um ritmo superior ao da área do euro e ao registado desde o início da recuperação económica, com o BdP a antecipar que, em 2019, o nível do PIB supere o observado em 2008, antes da crise financeira global.

A recuperação econômica até 2019 ficará a dever-se a “um maior dinamismo das exportações”, cujo contributo para o crescimento do PIB deverá ser de 1,8% este ano, de 1,2% no próximo e de 0,9% no último ano da projeção, sendo superior ao contributo da procura interna, que deverá ser de 0,8 em cada um dos três anos em análise.

A nível da procura interna, o BdP espera que o consumo privado cresça ligeiramente menos do que o PIB até 2019 mas, apesar disso, naquele ano “o consumo privado deverá estar acima do registado antes da crise financeira internacional”.

Quanto ao investimento, a expectativa do banco central é que haja uma “forte recuperação da FBCF [formação bruta de capital fixo] ao longo do horizonte de projeção”.

No entanto, em 2019, espera que a FBCF represente, em percentagem do PIB, cerca de dois terços do valor registado em 2000, uma queda que “reflete em larga medida um forte ajustamento estrutural do investimento público e residencial”.

Assim, este melhor comportamento do PIB português apresentado agora pelo BdP assenta tanto nas exportações como no investimento, que deverão impulsionar a atividade ao longo do horizonte da projeção: depois de uma subida de 4,4% em 2016, as exportações deverão crescer 9,6%, 6,8% e 4,8% em 2017, 2018 e 2019, respetivamente, e o investimento, que caiu 0,1% em 2016, deverá crescer 8,8% este ano, 5,3% no próximo e 5,5% em 2019.

Para o mercado de trabalho, as projeções são também mais otimistas do que as apresentadas em março, esperando o BdP que a taxa de desemprego seja de 9,4% em 2017 caindo gradualmente para os 7% em 2019, sendo que há três meses a instituição esperava que a taxa de desemprego ficasse nos 9,9% este ano e que se reduzisse para os 7,9% em 2019.

No final do horizonte da projeção, ainda que a taxa de desemprego esteja já abaixo do nível registado antes da crise, o emprego deverá situar-se também em níveis inferiores aos observados em 2008.

Relativamente às contas externas de Portugal, o BdP espera um reforço da capacidade de financiamento da economia portuguesa entre 2017 e 2019, traduzindo a relativa estabilização da balança de bens e serviços em percentagem do PIB e à evolução favorável das restantes componentes da balança, num contexto de manutenção das taxas de juro baixas e de normalização da distribuição de fundos comunitários.

No que se refere aos preços, a projeção é de que haja uma aceleração da taxa de inflação deste ano para os 1,6% (depois dos 0,6% registados em 2016) e que depois se assista a uma estabilização nos dois anos seguintes (1,4% em 2018 e 1,5% em 2019), refletindo o aumento dos preços no setor energético em 2017 e uma estabilização posterior.

O Banco de Portugal conclui que o perfil de crescimento projetado para Portugal “é consistente com a manutenção de equilíbrios macroeconómicos fundamentais”, com uma “recuperação sustentada da economia portuguesa e com o reinício do processo de convergência real com a área do euro”.

No entanto, há “importantes constrangimentos” que persistem relativamente ao crescimento no longo prazo, destacando o BdP quatro desafios: o elevado nível de endividamento dos vários setores da economia, o baixo nível de capital produtivo por trabalhador, o elevado nível de desemprego de longa duração e a evolução demográfica desfavorável.

A resposta a estes problemas deverá passar por “aumentar os incentivos à inovação, à mobilidade de fatores, ao investimento em capital físico e humano criando condições para um aumento sustentado da produtividade e do potencial de crescimento da economia”, mas também por “concretizar a redução sustentada do endividamento público, o que requer a manutenção do esforço de consolidação orçamental após a saída do Procedimento por Défice Excessivo (PDE).

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