Após referendo no Reino Unido, Portugal preocupa com impacto no turismo

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Populares desfrutam de uma praia em Armação de Pera, Algarve. O Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA) aumentou o número de distritos sob aviso amarelo, deixando apenas de fora Viana do Castelo, Bragança, Porto, Aveiro, Viseu e Faro. Nas ilhas, o aviso abrange apenas a ilha de Porto Santo. LUIS FORRA/LUSA

Da Redação
Com agencias

O Governo está a acompanhar “com serenidade” as consequências da decisão do Reino Unido de sair da União Europeia, segundo a secretária de Estado do Turismo, Ana Mendes Godinho. “Estamos a acompanhar, naturalmente, mas com serenidade”, disse a governante quando questionada sobre se o Governo está preocupado com o eventual impacto do ‘Brexit’ no setor do turismo em Portugal.
“O turismo em Portugal continua a acontecer. Não temos qualquer reflexo negativo do ‘Brexit’ ainda neste momento, não há nenhuma sinalização de nenhum problema. Vamos acompanhando – claramente tem de ser acompanhado – e garantir que são encontradas as melhores soluções para salvaguardar a situação dos ingleses em Portugal”, explicou Ana Mendes Godinho.
A secretária de Estado acrescentou que o mercado do turismo inglês “é um mercado já muito consolidado em Portugal, há muitos anos” e que “já atravessou vários momentos e tem demonstrado sempre grande capacidade de adaptação a Portugal, principalmente porque há muito interesse por parte do Reino Unido pelo destino Portugal”. “Temos cada vez mais de garantir que fidelizamos o mercado do Reino Unido e estamos à altura de responder à procura do Reino Unido e de fidelizar os nossos clientes”, continuou.
Ana Mendes Godinho participou, dia 29, na conferência de imprensa do Sindicato das Empresas dos Operadores Turísticos franceses, na Embaixada de Portugal em Paris, onde se reuniu com “jornalistas, bloggers, operadores turísticos e companhias aéreas” no âmbito da consulta pública em curso, para a Estratégia Turismo 2027 (ET27) que se insere no próximo quadro comunitário de apoio 2021-2027.
Depois de Paris, a agenda da consulta aos mercados internacionais vai continuar em Londres, Frankfurt e Colónia, de 11 a 14 de julho, e em Madrid, a 20 de julho.
Algarve
Empresários, hoteleiros e responsáveis do Turismo coincidem sobre as consequências negativas que a saída do Reino Unido da União Europeia terá para o Algarve, mas diferem sobre como atenuar a provável quebra no seu principal mercado emissor de turistas.
O Reino Unido é o principal ponto de origem de visitantes do Algarve e, há uma semana, votou em referendo a favor da saída da União Europeia (Brexit), numa decisão que originou uma desvalorização da libra face ao euro, a perda de poder de compra dos britânicos em mercados como o português e uma consequente diminuição da atratividade da região para esses turistas.
O presidente do Turismo do Algarve disse que a região acolhe “70% das dormidas do mercado inglês em Portugal”, um peso que pode diminuir e que Desidério Silva considera ser necessário compensar com uma aposta noutros mercados, como o alemão ou o francês, porque “as coisas não vão ser como antes”.
“O Algarve vive muito do mercado inglês, 70% das dormidas do mercado inglês em Portugal acontecem no Algarve e o peso que tem para a região é muito grande”, afirmou, defendendo a necessidade de “ter confiança no destino Algarve e procurar criar as condições para minimizar esse impacto”, através da procura de mercados que “possam compensar eventualmente a diminuição da procura e do poder de compra” britânico.
Também o presidente da Associação de Hotéis e Empreendimentos Turísticos do Algarve, Elidérico Viegas, lembrou que “o Reino Unido é o principal fornecedor de turistas” e “responsável por mais de 33% das dormidas totais (na região), o que corresponde a quase seis milhões de dormidas”.
Este responsável estima, por isso, que a saída da União Europeia e a perda do poder de compra desses visitantes faça o Algarve “perder competitividade” para outros concorrentes da bacia do mediterrâneo.
“Este ano o mercado registava uma subida verdadeiramente notável de mais de 19% relativamente ao ano anterior, o que deixava antever um bom ano turístico e um bom contributo para os bons resultados do ano turístico”, acrescentou, prevendo que, com o ‘Brexit’ e a desvalorização da libra, “os resultados das empresas acabarão por ser afetados”.
Por seu lado, a Associação Empresarial da Região do Algarve (NERA) já veio a público defender a necessidade de as autoridades nacionais e regionais realizarem uma intervenção “mais forte, incisiva e permanente” para consolidar o mercado turístico do Reino Unido, “rejeitando atitudes pessimistas geradoras de conformismo e reagindo de imediato com ação”.
O Reino Unido “é o quarto maior destino das exportações de Portugal – representando 9,5% do total -, com mais de 7.000 milhões de euros em 2015, 47% dos quais correspondendo a bens e 53% a serviços”, lembrou a NERA, frisando que só os turistas britânicos geraram mais de 2.000 milhões de euros de receitas em 2015.
São “o principal mercado turístico de Portugal: em 2015 geraram 8,3 milhões de dormidas (…) e o Algarve é o principal destino dos turistas britânicos em Portugal”, sublinhou a NERA, estimando que “cerca de 1.500 milhões de euros das receitas externas geradas” pelos turistas britânicos tenham ocorrido nesta região.

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