Agricultores do Alto Alentejo vivem situação “dramática” devido à seca

Da Redação
Com Lusa

A presidente da Associação de Agricultores do Distrito de Portalegre, Fermelinda Carvalho, considerou “dramática” a situação que se vive nos campos do Alto Alentejo devido à falta de chuva, sendo o setor pecuário o mais afetado.

“A situação é dramática, as reservas de água particulares de muitos agricultores não têm quase nada, existem charcas completamente vazias, existem também furos com o mínimo de água e os terrenos estão completamente em pó”, lamentou a dirigente, em declarações à agência Lusa.

A presidente da Associação de Agricultores do Distrito de Portalegre (AADP) acrescentou que se está a atravessar um ano “muito mau” para os produtores de gado, uma vez que estão a alimentar há vários meses os animais com forragens e rações, adquirindo essa alimentação a preços “bastante elevados”.

“Os agricultores estão muito preocupados com aquilo que já estamos a viver, com aquilo que não temos, mas também muito preocupados porque não sabemos quando vai chover. Em cada semana que não chove a situação agrava-se muitíssimo mais”, alertou.

Fermelinda Carvalho relatou ainda que os agricultores estão nesta altura a iniciar os trabalhos de campo para desenvolver as culturas de outono/inverno, “sem saber o que está para acontecer” em relação ao estado do tempo nos próximos dias.

Para minimizar os prejuízos já causados pela falta de chuva, a presidente da AADP defende que o Estado deverá atribuir “uma ajuda por animal”, para apoiar o investimento que está a ser feito pelos agricultores na compra de forragens e rações.

“As associações têm que pressionar e fazer sentir ao Ministério da Agricultura que não é estar a pedir mais [dinheiro], é um apoio que faz sentido porque vivemos um ano excecional, um ano péssimo, um ano horrível e que os agricultores precisam de ajuda”, disse.

Mais de 80% de Portugal continental encontrava-se em setembro em seca severa, segundo o Boletim Climatológico do Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA), que caracterizou aquele mês como “extremamente quente”.

De acordo com o boletim, hoje disponível na página do IPMA na Internet, em setembro registou-se um aumento da área em situação de seca severa e extrema.

Segundo o IPMA, a 30 de setembro cerca de 81% do território estava em seca severa, 7,4% em seca extrema, 10,7% em seca moderada e 0,8% em seca fraca.

No final de agosto, 58,9% do território estava em seca severa e 0,7% em seca extrema.

No documento, o instituto realça que a 30 de setembro se verificou que em grande parte das regiões do interior e no sul de Portugal continental os valores de água no solo eram inferiores a 20%.

O IPMA informa também que o dia 30 de setembro correspondeu ao final do ano hidrológico 2016/2017 (01 de outubro de 2016 a 30 de setembro de 2017).

“Neste período, o total de precipitação acumulado foi de 621,8 milímetros (70% do normal), sendo o 9.º valor mais baixo desde 1931”, é referido no documento.

No início da semana, o secretário de Estado do Ambiente, Carlos Martins, admitiu no final da reunião da Comissão de Gestão de Albufeiras o risco iminente de escassez de água nos concelhos servidos pela Barragem de Fagilde, no distrito de Viseu, se continuar a não chover.

A seca já levou o Governo a decretar apoios excecionais aos agricultores para captação de água, nomeadamente nos distritos alentejanos de Évora, Beja e Portalegre e nos concelhos de Alcácer do Sal, Grândola e Santiago do Cacém, banhados pelo Sado.

A próxima reunião da Comissão de Gestão de Albufeiras será realizada, dentro de duas semanas, na Administração da Região Hidrográfica do Centro para “ver que medidas podem ser tomadas para tentar minimizar os problemas”.

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