Universidade do Porto usa drones para mapear praias

Da Redação
Com Lusa

Uma equipe de investigação da Faculdade de Ciências da Universidade do Porto (FCUP) utiliza dados obtidos através de drones para a mapeamento de praias e criação de produtos cartográficos no âmbito da engenharia geográfica.

Os dados recolhidos, “essencialmente imagens”, originam “mosaicos de fotografias georreferenciadas, com rigor posicional, e modelos tridimensionais”, dados “importantes” para a elaboração da cartografia tradicional e para outros artigos, indicou à Lusa o coordenador do projeto, José Gonçalves.

De acordo com o docente da FCUP, os drones trazem uma flexibilidade “muito grande” para que os investigadores possam ir aos locais fazer o levantamento de um terreno, permitindo detectar, “com rigor”, alterações de cinco ou dez centímetros, visualizadas no modelo 3D criado a partir dos dados recolhidos.

A equipe de investigação, que conta com cerca de dez elementos, começou a utilizar drones na sequência de trabalhos feitos para levantamento de pormenores em praias e dunas.

Um dos trabalhos que desenvolvem ocorre na praia do Cabedelo, na foz do rio Douro, que “está constantemente a sofrer alterações”, onde se fazem monitorizações uma ou duas vezes por ano.

Nesta zona foram construídos molhes para “facilitar a entrada dos barcos, o que tem algum impacto na acumulação ou desaparecimento de areia em algumas áreas da praia”, explicou o coordenador, indicando que fazem um mapeamento regular para “avaliar a topografia do terreno e identificar as alterações”.

O objetivo “é fazer um mapeamento na praia e verificar as ocorrências nas zonas costeiras, provocadas por tempestades, pela erosão ou por um conjunto de fenómenos originados pela construção humana e pela atividade portuária”, explicou.

Antigamente, as medições eram feitas com aparelhos topográficos ou com fotografia aérea, tiradas a partir de um avião, o que tem custos “muito altos”, tornando o processo “pouco rentável”, indicou José Gonçalves, para quem os drones vieram resolver o problema de cobrir áreas relativamente pequenas.

Em locais de exploração mineira, como por exemplo uma pedreira, a equipa de investigação pode criar um modelo tridimensional antes de uma atuação e outro após ser retirado material, para quantificar o volume que foi extraído, sendo este outros dos campos de atuação.

Em termos de autorizações de voo está a ser preparada pelas autoridades uma legislação específica. O coordenador indicou que, de acordo com a legislação já existente, os voos não devem ser em locais próximos a aeroportos e o piloto não pode estar a menos de 500 metros de distância do drone.

“Acima de 400 pés de altitude não se deve voar. É preciso uma licença e fazer um plano de voo. Uma coisa é uma investigação simples, em que se voa muito baixo, e outra é uma empresa que vai para qualquer local e nesse caso tem de estar credenciada para isso”.

Segundo José Gonçalves, existe hoje uma “vulgarização” no uso dos drones, que pode acarretar “algum risco”, visto que “as pessoas usam-nos em todo o lado, para cobertura jornalística, num concerto, num jogo de futebol. Se o aparelho cai no meio da multidão, pode causar danos sérios”.

Quando realizam trabalhos em praias, os investigadores fazem-no por volta das 07:00, “numa altura em que não anda ninguém”, para acautelar a questão da privacidade. “Não podemos andar a fotografar pessoas para um trabalho técnico”, acrescentou o docente.

“Apesar das questões de segurança e privacidade, do ponto de vista científico e técnico, os drones possibilitam muitas novas aplicações”, concluiu.

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