No Douro, o ano escolar começa com vindima na escola instalada numa quinta

Da Redação
Com Lusa

Momento da pisa da uva na Casa de Portugal. Foto: Ronaldo Andrade
Representação da vindima na Casa de Portugal de Praia Grande. Foto: Ronaldo Andrade

O ano escolar na Escola Profissional da Régua arrancou com a vindima que é feita por alunos que iniciam, assim, a aprendizagem do trabalho que é feito no Douro, desde a vinha até ao engarrafamento do vinho.

Está inserida na Região Demarcada do Douro e, por isso, a aposta da Escola Profissional do Rodo, no concelho de Peso da Régua, vai para cursos que deem resposta às necessidades deste território, como o de viticultura e enologia.

As aulas começaram na segunda-feira. Durante a semana realizou-se a vindima que juntou alunos dos vários cursos lecionados pelo estabelecimento de ensino. Por isso, ao mesmo tempo que pegavam no balde e na tesoura, algumas vindimadoras foram para a vinha de salto alto, malas ao ombro, colares e pulseiras.

Sandrina Oliveira, aluna do 9.º ano, vive numa aldeia da Régua e diz que já está habituada a fazer a vindima, é verdade que “não com esta roupa” e de “salto alto”, mas mesmo assim disse que o “trabalho não custou nada”.

Natacha Costa, 16 anos, já estava mais preparada para a tarefa do dia. Está no primeiro ano do curso de viticultura, o equivalente ao 10.º ano, porque está “numa região própria do vinho” e porque quer seguir esta área no futuro. Os seus planos passam por tirar uma licenciatura e arranjar um emprego no Douro.

Pedro Almeida, 18 anos, veio de Vila Nova de Foz Côa estudar na Régua e, apesar de ser de uma região produtora de vinho, esta foi a sua primeira experiência na vindima.

“Para mim é novidade porque nunca trabalhei nisto e estou a gostar. É um trabalho um pouco duro mas faz-se. Escolhi este curso porque acho que tem saída e é uma área que quero seguir, quero tirar a licenciatura de enologia”, salientou.

Inês Esteves, 16 anos, é filha de produtores de vinho e por isso esta é uma área que quer seguir no futuro. “É muito fixe este curso e esta também já não é a primeira vez que corto uvas”, salientou.

Amílcar Ferreira, de 16 anos, veio de Tabuaço e também já trabalha na terra há “muitos anos”. Este aluno garantiu que quer “apostar na viticultura e na enologia”, porque é uma área que gosta e que acredita que “tem saída profissional” no Douro, região de onde não quer sair. “Aqui há muitas vinhas e adegas e temos hipóteses de arranjar trabalho rapidamente”, frisou.

A Escola do Rodo está instalada numa quinta de nove hectares, sete dos quais são de vinha. A produção deste ano vai ser vendida, quase na totalidade para uma empresa de vinho do Porto e o rendimento é reinvestido no estabelecimento de ensino, na aquisição de, por exemplo, material, e na vinha.

A professora de enologia, Lígia Cruz, referiu que os alunos do 3.º ano deste curso, correspondente ao 12.º ano, estão nesta altura a estagiar em várias quintas do Douro, integrados nas equipas de trabalho na adega.

“Aqui os alunos acompanham todos os trabalhos desde a vinha à adega, até ao engarrafamento e rotulagem”, salientou.

Lígia Cruz salientou que esta vindima na escola tem uma componente lúdica mas também pedagógica, já que todos os momentos são aproveitados para ensinar.

“Podem ter contacto com as castas e aprender a reconhecer casta a casta, através da folha, do cacho e do bago. Mais tarde vão ter de fazer controlos de maturação e vão ter que saber identificar as castas e saber avaliar o seu estado sanitário”, explicou.

A professora disse ainda que vai ser feita uma “microvinificação” na escola para os alunos terem contato com este vinho, podendo seguir todas as etapas até ao engarrafamento.

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