Museu de Lisboa inaugura exposição ‘Debaixo dos nossos pés’ com pavimentos desde a pré-história

Mundo Lusíada
Com Lusa

Os pavimentos da cidade de Lisboa também contam a sua história e este é o mote para a exposição ‘Debaixo dos nossos pés’, inaugurada no Torreão Poente do Museu de Lisboa.

“Esta exposição começou com uma ideia um bocadinho estranha, há muito tempo, que era tentar fazer a história de Lisboa através dos seus pavimentos”, disse à Lusa a Coordenadora do Teatro Romano do Museu de Lisboa e uma das Comissárias da exposição, Lídia Fernandes.

O projeto conta com amostras de pavimentos da cidade desde a pré-história até à época contemporânea, como a terra, as estradas romanas e a calçada portuguesa, e destaca os diversos materiais e técnicas utilizadas.

“Nós destacamos a terra, que num primeiro momento é o mais presente, o mais fácil de trabalhar e o que implica menos tecnologia, depois a argila e o barro, que misturado de várias formas e com recurso a diversas tecnologias fabrica pavimentos e por fim a pedra, que já implica técnicas de construção e é material mais difícil, mais sofisticado”, explicou à Lusa a arqueóloga e uma das comissárias da exposição, Jacinta Bogalhão.

Esta mostra permite também perceber a evolução econômica e social da cidade, uma vez que os recursos disponíveis foram sofrendo alterações ao longo dos tempos: “essa alternância entre soluções mais complexas e boas também tem a ver com a própria economia, com a sociedade da época”, acrescentou.

Na época romana, a infraestrutura social e econômica permitia a criação de soluções mais complexas e impactantes nos pavimentos, já na idade média, com as alterações na história, os recursos e os meios à disposição eram mais reduzidos.

O objetivo do projeto é fazer com que as pessoas “olhem para o chão que pisam” e percebam que aquilo que hoje parece “tão evidente” é o resultado de várias tentativas que correram bem e mal e que deram origem a uma evolução da pavimentação “feita de erros, avanços e recuos”, acrescentou Lídia Fernandes.

Para a comissária, a evolução da pavimentação pode ser considerada como uma “causa-efeito da evolução urbana”, uma vez que é a resposta às novas necessidades que suscita a “experimentação de soluções” que têm de ser encontradas para que a cidade possa evoluir.

Um dos principais destaques da mostra é o sistema “Mac Adam” que surgiu com o aparecimento dos veículos de transporte e que consiste na criação de um pavimento com vários níveis em que a pedra utilizada aumenta de tamanho do fundo para a superfície, o que permite uma maior estabilidade do veículo e confere impermeabilidade ao solo.

A possibilidade de expor alguns dos moldes utilizados para fazer os “desenhos” da calçada portuguesa é outra atração da exposição.

A mostra conta ainda com uma zona interativa em que os visitantes podem utilizar antigos tabuleiros de jogo feitos em pedra nas soleiras das portas das casas nos séculos XIX e XX.

Jacinta Bogalhão acrescenta ainda que este projeto pretende “mostrar resultados inéditos” que ainda não tinham sido trazidos ao público, evitando que “sejam destruídos sem serem mostrados”.

A exposição estará disponível para visita até ao dia 24 de setembro, de terça a domingo, das 10:00 às 18:00, no Torreão Poente, edifício que é parte integrante do conjunto edificado da Praça do Comércio. 3 € (com descontos disponíveis em www.museudelisboa.pt/informacoes).

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