Mafra à espera de obras para avançar com patrimônio mundial

Palácio Nacional de Mafra, Portugal. Foto: Paulo Juntas
Palácio Nacional de Mafra, Portugal. Foto: Paulo Juntas

Da Redação
Com Lusa

Mafra, cujos carrilhões e sinos do palácio estão entre os sete monumentos mais ameaçados da Europa, espera que esse reconhecimento garanta financiamento para avançar rápido com a sua reabilitação para candidatar o monumento a patrimônio mundial antes de 2017.

A vila acordou dia 05 de maio com o reconhecimento internacional de os carrilhões do Palácio Nacional de Mafra constarem entre os sete monumentos mais ameaçados da Europa, pela organização Europa Nostra.

“Preferia que falassem de Mafra como uma das Sete Maravilhas do Mundo e não como um monumento que está com riscos sérios. Mas se já existe essa consciência, já é um passo para que as intervenções sejam feitas dentro em breve”, refere à agência Lusa José Carlos Alves, proprietário do “Convento da Cervejaria”, nome que advém do fato de estar frente para o monumento.

A câmara e palácio alertam para a urgência da intervenção nos carrilhões e esperam que este alerta internacional possa motivar mais as entidades públicas e privadas a arranjarem o financiamento necessário para a sua rápida intervenção.

“Agora não somos só nós a referir a urgência desta intervenção”, refere o diretor do palácio, Mário Pereira, adiantando que “o inverno agreste obrigou a reforçar as estruturas de escoramento dos sinos”.

“Neste momento não temos só sinos escorados, mas temos também estruturas escoradas para não caírem das torres”, alerta.

Além do financiamento que pode vir do Banco Europeu do Investimento, o responsável tem vindo a trabalhar com a “World Monumento Found”, uma organização internacional que se dedica a canalizar financiamento para monumentos em risco.

Além de ter sido disponibilizada uma equipe técnica que está a estudar o estado de degradação e poderá vir a acompanhar a “intervenção complexa” que se espera, esta organização poderá vir a tornar-se numa importante fonte de financiamento, “o que pode contribuir para um desfecho mais célere de todo este processo”.

Depois da requalificação dos seis órgãos e da frente do monumento e da notícia da transferência do Museu da Música para Mafra, a esperada recuperação dos carrilhões “será um fator de discriminação positiva na candidatura a patrimônio mundial da Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (Unesco) e a aceitação da Unesco fica mais facilitada”, realça o presidente da câmara, Hélder Silva.

Se a candidatura não for entregue até 2017, as entidades locais esperam ter o monumento “dignificado” nessa altura, em que se comemora os trezentos anos sobre o lançamento da primeira pedra, para conseguir o reconhecimento mundial da Unesco e, dessa forma, atrair mais visitantes ao monumento, que em 2013 recebeu 244 mil visitantes.

“Estas joias do patrimônio cultural da Europa estão em sério perigo, algumas devido à falta de fundos ou competência técnica, outras devido a planeamento inadequado. Medidas urgentes são necessárias e serão organizadas ações de resgate durante e depois do verão e propostos planos até ao final do ano”, indicou em comunicado o Centro Nacional de Cultura (CNC), que representa a organização Europa Nostra em Portugal.

Os dois carrilhões e 119 sinos, pesando os maiores algumas toneladas, constituem o maior conjunto sineiro do mundo, sendo, a par dos seis órgãos históricos, o patrimônio mais importante do palácio. Mafra é visitado por mais de 200 mil turistas durante o ano.

Biblioteca

Recentemente, a biblioteca do Palácio Nacional de Mafra foi considerada a mais bela do mundo pelo conhecido portal norte-americano Book Riot. Depois de eleger a Livraria Lello, no Porto, como a mais bonita do planeta, Portugal volta a estar em destaque.

“E o que a torna ainda mais impressionante são as técnicas com que é feita a preservação dos livros e como os protegem de serem danificados por insetos. Há 500 morcegos dentro daquela biblioteca. Durante o dia, estes ficam guardados dentro de caixas, mas à noite são libertados para se alimentarem dos insetos que por ali andam”.

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