Filmes lusos de João Botelho e João Pedro Rodrigues premiados no Recife

Da Redação
Com Lusa

ManoelOliveira_cineastaportuguesDois filmes portugueses, ‘O Cinema, Manoel de Oliveira e Eu’, de João Botelho, e ‘O Ornitólogo’, de João Pedro Rodrigues, foram distinguidos no Festival de Cinema do Recife, no Estado de Pernambuco.

O filme ‘O Cinema, Manoel de Oliveira e Eu’, de João Botelho, venceu o Prêmio João Sampaio, enquanto ‘O Ornitólogo’, de João Pedro Rodrigues, recebeu o Prêmio Janela Crítica para Melhor Longa-Metragem.

“O IX Janela Internacional de Cinema do Recife atribuiu o Prêmio João Sampaio, para os Filmes que Celebram a Vida, ao mais recente filme de João Botelho ‘O Cinema, Manoel de Oliveira e Eu'”, anunciou o Teatro do Bairro, em comunicado.

Este prêmio, “transversal às secções competitivas e fora de competição”, homenageia João Sampaio, falecido em 2014, que foi crítico de cinema pernambucano, um dos fundadores da Associação de Críticos de Cinema do Brasil, “responsável pela formação de muitos cineastas da nova vanguarda do cinema brasileiro”, segundo a mesma fonte.

O documentário ‘O cinema, Manoel de Oliveira e eu’, no qual João Botelho revela a admiração pela obra e a relação com aquele cineasta, estreou-se em outubro passado, e tinha sido já exibido em abril, no festival IndieLisboa, e, em agosto, em Locarno, na Suíça.

No filme, João Botelho recorda algumas das explicações de cinema que aprendeu com Oliveira, como esta: “Se não há dinheiro para filmar a carruagem, filme apenas a roda, mas filme bem a roda”.

Apesar de ser um documentário, o filme tem nele uma curta ficção, “A rapariga das luvas”, que João Botelho rodou no final de 2015, a partir de uma história que Manoel de Oliveira lhe contou.

Em abril, quando o filme passou no IndieLisboa, João Botelho contou à Lusa que quis demonstrar a admiração e paixão pelo cinema de Manoel de Oliveira e também lutar contra o esquecimento, um ano depois da morte do cineasta.

Além de excertos de filmes de Oliveira, cenas emblemáticas da história do cinema português, o documentário conta ainda com uma cena de “Conversa acabada” (1981), a primeira ‘longa’ de João Botelho, na qual Manoel de Oliveira interpreta o papel de um padre.

João Botelho, 67 anos, autor de filmes como ‘Um adeus português’, ‘A corte do norte’, ‘Conversa acabada’ e ‘Filme do desassossego’, prepara uma longa-metragem a partir de ‘Peregrinação’, de Fernão Mendes Pinto.

O filme ‘O ornitólogo’, de João Pedro Rodrigues, valeu-lhe já, no Festival de Locarno, o Prêmio de Melhor Realizador, e, no Brasil, o Prêmio Janela Crítica para Melhor Longa-Metragem, entre outras distinções.

‘O ornitólogo’ estreou-se nas salas portuguesas, em outubro, mantendo-se em exibição, e também já foi apresentado em Paris, estando em destaque, este mês, na secção crítica da revista francesa Cahiers du Cinema.

A longa-metragem, protagonizada por Paul Hamy, centra-se num ornitólogo que enfrenta medos, e o risco de quase se afogar, durante um trabalho de campo numa descida de um rio, numa floresta.

“Ao mesmo tempo é uma espécie de versão muito livre da vida do Santo António de Lisboa. É um filme que se passa na atualidade, mas que reflete um pouco mitologias portuguesas”, disse o realizador à Lusa, quando venceu o prémio na Suíça.

‘O Ornitólogo’ é a quinta longa-metragem de João Pedro Rodrigues, depois de ‘O Fantasma’ (2000), ‘Odete’ (2005), ‘Morrer como Um Homem’ (2009) e ‘A Última Vez Que Vi Macau’ (2012).

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