Entrevista: Guitarrista português da banda Extreme no Brasil

Por Priscila Roque

O português Nuno Bettencourt. Foto: Priscila Roque

Guardo uma recordação engraçada da infância. Sempre que via o clipe de Rest in Peace, da banda norte-americana Extreme, sentia certo orgulho do guitarrista português Nuno Bettencourt. Tudo porque aquele roqueiro, de longos cabelos, que tocava muito bem, tinha nascido nos Açores. E eu, mesmo brasileira, achava aquilo tão próximo, já que partilhávamos a mesma língua. O que eu não imaginava é que, tantos anos depois, teria a oportunidade de sentar ao lado dele, por alguns minutos, para perguntar um pouco sobre sua verdadeira história com Portugal.

Na última semana, Nuno Bettencourt esteve no Brasil para se apresentar ao lado de Rihanna, no Rock in Rio. Aproveitando sua passagem por aqui, a Washburn e a ProShows também o levaram para uma tarde de autógrafos na Expomusic – a feira internacional da música que acontece anualmente em São Paulo. E foi no intervalo desses compromissos que ele me recebeu para uma entrevista ao Cultuga.

Humor, simpatia e paciência. Se você diz algo ao Nuno em português, ele responde misturando algumas palavras em inglês, já que vive a maior parte do seu tempo nos Estados Unidos. Entretanto, a terrinha continua guardada em seu coração, com recordações da família e muito amigos. Acompanhe o bate-papo:

Sua família se mudou para os Estados Unidos quando você tinha apenas 4 anos de idade. O que você levou de influência portuguesa? Vocês ouviam Amália Rodrigues, por exemplo?
NB – Olha, Amália Rodrigues (risos)? A minha mãe sempre ouvia Amália. As minhas influências nasceram em casa. Meu irmão Luís é um dos melhores guitarristas que conheço até hoje, o meu pai tocava sete ou oito instrumentos, como clarinete, bateria, viola… Então, a música sempre esteve presente. Nos Açores ou na América, a casa era portuguesa.

Seus pais sempre fizeram questão de falar em português com você?
NB – Sim. Eu falava português com a minha mãe, mas, ao mesmo tempo, como estava em outro país, tive que aprender a falar inglês. Era complicado porque eu era muito novo. O português acabou sendo mais difícil.

O último disco do Extreme se chama Saudades de Rock, um título em português. O quanto tem de sua influência nessa história? O baterista da banda, Kevin Figueiredo, também é português… Foi uma manifestação da parte lusitana do grupo?
NB – A ideia foi do Gary (risos)!. O Kevin também é português, sim, de Santa Maria. Bom, já tinha se passado 10 anos que a banda não gravava um disco e nós decidimos fazer um acordo. Nos reunimos para pensar no futuro. Se a ideia era fazer um novo disco, tínhamos que fazê-lo naquele momento. Sentíamos saudades do feeling de estar no palco, ao lado dos fãs, e eu contei à banda sobre a palavra “saudade”, que só existe no vocabulário português. Eles gostaram da ideia!

Sei que você tem um trabalho com a portuguesa Lúcia Moniz. Mesmo estando nos Estados Unidos, você não deixou de manter esse contato com Portugal? Como vocês se encontraram?
NB – Ela apareceu na porta da minha casa (risos)! É sério! A Lúcia bateu na porta e disse: “Tu vais produzir o meu álbum”. Eu não a conhecia tão bem, e disse: “Não”. Mas ela ficou insistindo e, então, concordei. Gostei daquele álbum, ficou bacana.

Você tem uma grande amizade com o músico Rui Veloso. O Extreme já esteve até no estúdio dele em Portugal, não é? E, como ele também vai se apresentar no Rock in Rio, vocês vão se encontrar aqui no Brasil?
NB – O Rui está cá? Nãoooo… No mesmo dia? Estava pensando nele hoje porque vamos para Lisboa em breve e eu queria vê-lo para assistirmos ao jogo do Benfica. Vou ter que fazer uma surpresa a ele durante o Rock in Rio!

Como vocês se conheceram?
NB – Foi durante as gravações do III Sides to Every Story (disco do Extreme lançado em 1992). Nós estavamos na Flórida e ele me convidou para gravar uma música para ajudar o Timor-Leste. Claro que aceitei e ele se deslocou até lá para fazermos a canção (Maubere).

O que você ainda consome de cultura portuguesa? Você sempre vai a Portugal?
NB – Sempre vou, sempre. Mas estou um pouco por fora do que acontece hoje lá, com relação aos novos artistas. Sei de Xutos e Pontapés. Por acaso, uma vez toquei em um canal de TV português uma versão em inglês de uma música deles, Ai Se Ele Cai.

Por que o intercâmbio entre Portugal e Brasil, às vezes, parece tão difícil – mesmo partilhando a mesma língua?
NB – Não sei bem. Já me disseram que os brasileiros não gostam dos portugueses (risos). Será? Na primeira vez em que estive cá, ouvi isto. Mas não é minha culpa (risos)!

3 Comments

  1. Amei a entrevista!
    Amo as musicas do Extreme e principalmente o Nuno Bettencourt.

    Comecei a curtir a banda através da música More Than Words, lembro de ter uns 5 ou 6 anos quando ouvi a primeira vez e nunca mais saiu da minha cabeça, não sabia o nome da música, não sabia falar inglês, não sabia o nome da banda, mas lembro que as primeiras coisas que procurei através da internet foi essa música, quando conheci as outras músicas me apaixonei mais ainda!

    Fico feliz de ver o Nuno tão lindo quanto era quando mais novo… grande músico!

    Legal saber que ele é portugues pois tambem tenho origem lusitana… talvez daí a grande afinidade… rsrsrs

    Abraços.

  2. Muito legal a entrevista, sempre gostei deles mais não sabia muita coisa sobre a banda e adorei saber q o Nuno é português,e ele continua lindo!!

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