Do Ceará, Fundação Edson Queiroz leva modernismo brasileiro para Portugal

Mostra chegou a Portugal numa cooperação do Museu Coleção Berardo e Fundação Edson Queiroz. Foto: Lucas de Menezes

Da Redação

Em 26 de outubro, o Museu Coleção Berardo (Centro Cultural de Belém), em Lisboa, inaugurou a exposição dedicada ao “Modernismo Brasileiro na Coleção da Fundação Edson Queiroz”, que reúne uma seleção do acervo com destaque para um conjunto de obras produzidas entre as décadas de 1920 e 1960, artistas brasileiros e estrangeiros residentes no Brasil.

Homenagear as diversas vertentes e influências do Modernismo Brasileiro e, ao mesmo tempo, levar o público português e turistas em geral a mergulhar na trajetória de artistas do período de 1920 a 1960 é o principal objetivo da exposição, pela primeira vez em solo estrangeiro.

São 76 obras pertencentes à Coleção da Fundação Edson Queiroz, num espaço de 760m², com curadoria de Regina Teixeira de Barros e projeto dos arquitetos Daniela Alcântara e Rui Campos Matos. “Nós estamos muito felizes com a abertura dessa exposição no Centro Cultural de Belém, devido à importância que este local tem hoje para a arte mundial e muito expressivamente aqui em Portugal. Trazemos um recorte importante do acervo da Fundação Edson Queiroz, do Modernismo de 1920 a 1960, com artistas que representam bem a arte moderna brasileira”, comentou o chanceler da Universidade de Fortaleza (Unifor), Dr. Edson Queiroz Neto, durante cerimônia de abertura.

Emocionado, o chanceler também frisou a realização de um projeto sonhado primeiro pelo seu pai, Airton Queiroz. “Sinto-me muito emocionado porque esta exposição no exterior foi a última grande alegria do meu pai. Ele sonhava com isso aqui”.

A presidente da Fundação Edson Queiroz, Dra. Lenise Queiroz, falou do desejo de levar as obras expostas para outros países da Europa. “Eu sinto que esta exposição em Portugal é de muita importância, não só para a Unifor e para a Fundação Edson Queiroz, mas para o Estado do Ceará e de uma certa forma para todo o Brasil porque a gente trouxe 76 obras do Modernismo Brasileiro para um outro continente. A nossa intenção é de que possamos levar essa exposição para outros países da Europa”, disse.

Cooperação em Portugal
A mostra, que segue itinerando desde 2015 pelo Brasil, já tendo passado por São Paulo, Belo Horizonte, Porto Alegre, Curitiba e Rio de Janeiro, chegou a Portugal devido a um interesse mútuo entre o Museu Coleção Berardo e a Fundação Edson Queiroz, afirmou a diretora artística do Museu Berardo, Rita Lougares. “Decidimos trazer uma exposição sobre o Modernismo porque acho importante não fazermos apenas coisas contemporâneas. E o Modernismo Brasileiro não é muito conhecido em Portugal. Tirando a partir dos anos 50 com Hélio Oiticia e a Lygia Clark, a primeira fase do Modernismo do Brasil não é nada conhecida em Portugal. Estamos muito felizes com essa parceria e esperamos que a exposição receba por volta de mil pessoas por dia”, ressaltou.

“Tivemos a preocupação de ser o mais didático possível com essa exposição já que os portugueses não tem muito conhecimento do Modernismo Brasileiro. Depois disponibilizamos um folder com um texto pouco mais extenso para quem se interessar – um segundo passo para quem quiser saber mais sobre a arte brasileira”, acrescentou a curadora da mostra.

Regina Teixeira de Barros fez questão ainda de frisar o desejo de levar as obras do Museu Berardo para exposição no Espaço Cultural Unifor. “Pensamos em levar o Museu Berardo para Fortaleza”, disse. A informação foi confirmada pelo chanceler da Unifor. “Vamos estreitar esses laços. Queremos levar o Museu Berardo para Fortaleza em um futuro. Não sabemos quando porque ano que vem vamos ter uma surpresa na nossa cidade. Em função dos 45 anos da Unifor estamos pensando com todo carinho em uma bela montagem, de uma forma mais ampla, do acervo da Fundação Edson Queiroz. Expô-lo ao público de uma forma apropriada”, adiantou.

Zonas da exposição
Daniela Alcântara, arquiteta responsável pelo projeto da mostra ao lado de Rui Campos Matos, revela que seguiu a tendência curva em diferentes momentos da exposição. “Evocamos a arquitetura modernista por um percurso sinuoso, orientando as pessoas pela sala. Durante esse trajeto inserimos as esculturas, dando-as destaque. Ora projetando-as para fora das curvas ora criando nichos para abrigá-las”, explica.

Dividida em seis núcleos ou zonas, conforme detalha a curadora Regina Teixeira de Barros, a exposição privilegia uma ordem cronológica para, então, fazer associações entre a trajetória dos artistas e o contexto histórico e artístico em que viveram. Em destaque nomes como Lasar Segall, Di Cavalcanti, Cândido Portinari, Victor Brecheret, Ernesto De Fiori, Alberto da Veiga Guignard, Lygia Clark e os cearenses Sérvulo Esmeraldo e Antônio Bandeira.

A mostra inicia com uma área dedicada a artistas brasileiros que, nos anos de 1920, viajaram para a Europa para continuar os estudos, em busca de uma linguagem menos acadêmica. Em destaque, a pintura “Duas Amigas”, de Lasar Segall, abrindo o passeio. Por um lado, o artista emprega cores não realistas, carregadas de valor simbólico; por outro, lança mão de princípios cubistas, simplificando as figuras por meio de planos geometrizados.

A segunda parte apresenta expoentes que pensaram a identidade nacional do Brasil, tentando transformá-la em imagem, como Emiliano Di Cavalcanti e Cândido Portinari. Em seguida, equivalente à segunda metade dos anos 1940, a exposição dá ênfase a artistas europeus fugidos da Segunda Guerra Mundial para o Brasil, importantes para a formação dos jovens locais e com informações sobre uma nova forma de arte, a abstração.

Ainda, sala dedicada ao grupo Ruptura (conjunto de artistas que marcou o início do movimento de arte concreta em São Paulo); a área destinada ao Grupo Frente, do Rio de Janeiro (o qual deu origem ao movimento Neoconcreto) e, por fim, a zona da Abstração Gestual, valorizando as ideias de gesto, registro e liberdade em meio à geometria.

Serviço
Exposição Modernismo Brasileiro na Coleção da Fundação Edson Queiroz
No piso 0, do Museu Coleção Berardo (Praça do Império, Lisboa, Portugal)
Em cartaz até 11 de fevereiro de 2018

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