Conheça as aldeias portuguesas vencedoras das Sete Maravilhas que teve participação histórica

Da Redação
Com agencias

As aldeias de Dornes, Sistelo, Fajã dos Cubres, Piódão, Castelo Rodrigo, Monsaraz e Rio de Onor foram as vencedoras do concurso Sete Maravilhas de Portugal – Aldeias de Portugal.

Depois de o público votar nas 14 finalistas (duas por cada categoria), a organização da iniciativa revelou, numa cerimônia no Piódão, no concelho de Arganil (distrito de Coimbra), transmitida pela RTP, as sete vencedoras.

Dornes na categoria de Aldeias Ribeirinhas, Sistelo de Aldeias Rurais, Fajã dos Cubres de Aldeias de Mar, Piódão na categoria de Aldeias Remotas, Castelo Rodrigo de Aldeias Autênticas, Monsaraz na rúbrica de Aldeias Monumento e Rio de Onor de Aldeias em Áreas Protegidas.

A edição das Sete Maravilhas dedicada às aldeias portuguesas tem como objetivo promover o patrimônio histórico, natural e gastronômico.

“Esta eleição foi um sucesso, com níveis de participação históricos. As aldeias têm futuro e muitas oportunidades, não vamos mais largar as nossas aldeias, com outras iniciativas no futuro. E agora vamos continuar com a nossa missão de promover os grandes valores da identidade nacional. As Sete Maravilhas vão voltar em breve com mais temas que puxam pelos territórios e pelas nossas gentes”, referiu o presidente da organização, Luis Segadães, na cerimônia, que teve início no domingo à noite.

Segundo eles, o ambiente peculiar e restrito das aldeias, muitas vezes no interior do país, foi decisivo nas histórias do país. Dois terços do território português são interior e espaços não urbanos.

Livro

A organização divulga ainda a obra “A Viagem que ainda ninguém fez”, um livro que retrata as 49 aldeias-maravilha de Portugal, uma viagem contada por Luis Segadães e fotografada por Vasco Pinhol.

“Há anos que penso em fazer um livro sobre as minhas viagens em Portugal. Desde sempre que viajei muito por cá e por fora. Desde que me envolvi na organização dos eventos das 7 Maravilhas em Portugal, a partir de 2007, tenho dado umas 3 voltas ao país em cada ano em que tivemos uma eleição”, explica Luis Segadães, presidente das 7 Maravilhas®. “O fato de termos 49 aldeias, tão criteriosamente distribuídas pelo país fora, levou a que se configurasse uma viagem, bastante improvável. Quando me dei conta da matéria-prima que tinha pela frente, pensei que não podia perder mais nenhuma oportunidade para escrever sobre Portugal. É agora!”

Foi assim que Luis Segadães convidou um amigo de longa data, o Vasco Pinhol, fotógrafo que vive atualmente na Noruega, e que tem o talento de fotografar com paixão e atenção ao detalhe.

“Quando o Luis me convidou para este projeto a primeira coisa que me ocorreu foi – eis uma oportunidade para mostrar que as coisas melhores que temos são as coisas pequeninas, que se aconchegam e crescem na vizinhança do coração. Espero que este livro que fizemos juntos possa ajudar a ligar o nosso melhor passado ao nosso melhor futuro”, diz Vasco Pinhol.

Foram 2000km por terra e mar, 5000km por ar, em 49 aldeias ímpares. O livro conta com mais de 400 fotografias das 49 aldeias a concurso, bem como histórias de descobertas que relatam a viagem, contextualizam a história da aldeia, falam dos produtos e sabores e claro, das gentes de cada local.

“O sentimento que tenho ao ter viajado de forma ininterrupta pelas 49 Aldeias pré-finalistas, foi o de ter vivido uma experiência única e de ter visto com profundidade o “mosaico” maravilhoso que é Portugal, quando se salta de uma região para outra. Eu acredito absolutamente no potencial de desenvolvimento destes territórios, como mais uma base para o futuro do país e é nesse ponto que este livro se encontra com o futuro de Portugal”, acrescenta Luis Segadães.

Aldeias

Dornes – Situa-se numa península rodeada pelo Rio Zêzere e pelo lago de Castelo de Bode. Foi Comenda da Ordem de Cristo, D. Manuel I deu-lhe foral em 1513, e foi sede de concelho até 1836. Do seu patrimônio, destacam-se a Igreja de Nossa Senhora do Pranto que, de acordo com a tradição, foi fundada pela rainha Santa Isabel em 1285, e a Torre de Dornes, a misteriosa e primeira torre Pentagonal Templária em Portugal, ex-libris da região, construída pela Ordem dos Templários no início do século XIII. Destaque ainda para o barco de madeira Abrangel, um barco de 3 tábuas, típico desta zona do rio Zêzere

Sistelo – Por aqui passou o exército de Afonso VII de Leão e Castela, para confrontar D. Afonso Henriques, num episódio decisivo na fundação do Reino de Portugal (séc. XII). No séc. XIII, as Cartas de Foro dão Sistelo como póvoa. Conhecida como “o pequeno Tibete português”, tem nos socalcos uma marca identitária única em todo o país. Os socalcos, moldados durante centenas de anos para produção de cereais e para pastar raças de vacas autóctones, conduzem as águas por um sistema específico de regadio, uma forma inteligente e eco sustentada de obter proveito agrícola e pecuário.

Fajã dos Cubres (Açores) – O “Cubre” deriva da planta com o mesmo nome, em grande abundância por ali. Outrora na fajã existiu uma pequena povoação que foi completamente arrasada pelo terramoto de 9 de Julho de 1757, foi depois reconstruída e povoada, chegando mesmo a existir uma escola primária que encerrou devido à falta de alunos. Do seu patrimônio destacam-se as casas e povoados tradicionais e a Ermida de Nossa Senhora de Lurdes, datada de 1908, cujas águas do poço são tidas como milagrosas e leva os peregrinos da ilha a lavarem-se nelas.

Piódão- Imortalizada por Miguel Torga como “ovo embrionário”, o Piódão é um presépio em plena Serra do Açor. Atraídos pela frescura das nascentes, os pastores lusitanos formaram, na época medieval, um povoado a que deram o nome de Casas Piódam. Já não há vestígios, mas existiu ali um Mosteiro de Cister, que faz o lugar remontar ao séc. XIII. Na paisagem salpicada de xisto e azul salta-nos à vista a Igreja Matriz, construída no séc. XVII, com torres cilíndricas rematadas por cones.

Castelo Rodrigo – Fundada pelos Túrdulos 5 séculos antes de Cristo, ocupada pelos romanos e depois pelos mouros, Castelo Rodrigo recebeu carta de foral de D. Sancho I em 1209, no contexto de conquista cristã, e integrou definitivamente o território português em 1297. A Igreja de Nossa Senhora do Rocamador foi fundada no séc. XIII para apoio aos peregrinos de Santiago de Compostela. Foi palco das invasões francesas, entre 1801 e 1810, cuja destruição marcou profundamente a região. Não perca as velhas muralhas, o Pelourinho quinhentista, a cisterna medieval e os vestígios da presença da comunidade de cristãos-novos.

Monsaraz – Após reconquista definitiva, em 1232, D. Sancho II doou a região à Ordem do Templo, para defesa e repovoamento. Em 1276, D. Afonso III concede a Monsaraz o estatuto de sede do concelho, que manteve até 1851. Do patrimônio realça-se as fortificações, a Igreja Matriz, construída no séc. XVI para substituir a igreja primitiva, destruída por causa da peste, o Castelo de Monsaraz, a Casa da Inquisição (umas das únicas no país) e o Pelourinho. A sua envolvente deixa recuar o nosso imaginário por muitos séculos, nos mais de 150 monumentos megalíticos com estórias com mais de 5000 anos.

Rio de Onor – Divide o território com a sua homônima espanhola, Rihonor de Castilla. Da tradição e do convívio entre as duas aldeias surgiu um dialecto – o rionorês. Ainda se partilham terrenos e moinhos, na memória fica o rebanho e o boi comunitários, que já não existem. Mantém um modo de administração rural, liderado por dois Mordomos, designados pelo Conselho – assembleia com representantes de todas as famílias da aldeia. A “Vara da Justiça” garante o cumprimento das regras e aplica multas, muitas vezes pagas em medidas de vinho ou azeite.

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