Cineasta adapta ao cinema romance de Pedro e Inês de Castro

Os túmulos de D. Pedro I e de D. Inês de Castro encontram-se no Mosteiro de Alcobaça.
Os túmulos de D. Pedro I e de D. Inês de Castro encontram-se no Mosteiro de Alcobaça.

Mundo Lusíada
Com Lusa

O cineasta António Ferreira vai adaptar ao cinema o romance inspirado no mito de Pedro e Inês ‘A Trança de Inês’, de Rosa Lobato Faria, esperando começar as rodagens em Coimbra, entre maio e junho.
O filme ‘A Trança de Inês’ começou a ser pensado há cerca de dez anos, após o realizador António Ferreira ter lido o romance homônimo de Rosa Lobato Faria, um livro “com um certo caráter existencialista”, que se inspira no mito de Pedro e Inês e que aborda a intemporalidade do amor, contou.
Na abordagem ao cinema, o realizador optou por seguir mais “o mito do que a história factual” de Pedro e Inês, mantendo a ideia presente no livro de Rosa Lobato Faria do ressoar dessa mesma história noutros tempos, seja no presente ou no futuro – “um tempo imaginário”, disse à agência Lusa António Ferreira.
No argumento já construído, as cenas entre os diferentes tempos sucedem-se como ecos, optando não por contar “a história três vezes, mas como se fosse uma história vista aos pedaços em três épocas diferentes”.
O filme é todo narrado “do ponto de vista de um homem internado num hospital”, que, sob o efeito de drogas, “tem visões”, recordando três vidas diferentes, explanou.
A voz e o olhar desse Pedro internado num hospital psiquiátrico acompanham todo o filme, que não terá uma abordagem “naturalista ou realista”, mas sim uma perspectiva “algo distante da realidade”.
O cineasta, em declarações à agência Lusa, disse que pretende começar as rodagens entre maio e junho, de preferência na região de Coimbra, que é a zona que conhece melhor e onde está a base de produção.
“Depende dos apoios que conseguirmos”, bem como de alguns ‘décors’ específicos que necessita para o filme, acrescentou.
O argumento, cuja primeira versão ainda foi lida pela escritora, que morreu em 2010, foi construído para que “um público estrangeiro, que não conheça a história do Pedro e da Inês, consiga acompanhar a história”, aclarou.
“É o Romeu e Julieta português”, notou o realizador, sublinhando a dimensão universal e atemporal daquela que é “uma tragédia sobre o amor” e um mito “cheio de acontecimentos espetaculares que qualquer cineasta adoraria”.
‘Embargo’, sobre um conto de José Saramago, e ‘Esquece Tudo o que Te Disse’ são duas longas-metragens de António Ferreira, que também assinou a curta-metragem ‘Respirar – Debaixo D’Água’, selecionada, em 2000, para o programa Cinéfondation, de apoio a novos cineastas, do Festival de Cannes.
Entre os projetos de António Ferreira contam-se ainda o documentário ‘Humanos – A Vida em Variações’, inserido no projeto dedicado à música de António Variações, e ‘Posfácio nas Confecções Canhão’, filmado no âmbito da Guimarães Capital Europeia da Cultura 2012.
No teatro encenou ‘As Lágrimas Amargas de Petra von Kant’, do alemão Reiner Werner de Fassbinder, para o Nacional D. Maria II.
Conta a lenda que Inês de Castro foi uma nobre galega, coroada rainha póstuma em Portugal a pedido do seu grande amor, o futuro rei D. Pedro I de Portugal, de quem teve quatro filhos, mas foi executada por ordem do seu pai, o rei D. Afonso IV.
A história é significado do dito popular português “Agora Inês é morta” que significa “não adianta mais”, em alusão a sua coroação após a morte.

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