Bienal de SP chega a Portugal em sua primeira itinerância internacional

Errar de Deus (2014) projeto do coletivo Etcétera, com remontagem em Serralves.
Errar de Deus (2014) projeto do coletivo Etcétera, com remontagem em Serralves.

Mundo Lusíada
Com agencias

O Museu de Arte Contemporânea de Serralves, no Porto, recebe, a partir desta sexta-feira, a estreia da Bienal de São Paulo fora do Brasil, um “destilar” do evento com 28 artistas representados. Apresentada pela primeira vez em outro país, a 31ª Bienal chega a Portugal de 1 de outubro de 2015 a 17 de janeiro de 2016.

Na apresentação da exposição “Como (…) coisas que não existem”, criada a partir de obras selecionadas da 31ª Bienal de São Paulo, que decorreu entre setembro e dezembro de 2014, a diretora do museu, Suzanne Cotter, sublinhou que a abertura da mostra é “uma ocasião quer para Serralves quer para Portugal”.

O curador Charles Esche referiu que se trata de uma exposição “muito diferente da que foi feita no Brasil”, não só pelas dimensões do espaço, mas também pela maioria dos trabalhos presentes na bienal terem sido encomendas, o que significava que os próprios curadores na altura desconheciam o resultado, enquanto, para o Porto, já sabiam o que poderiam selecionar e onde os colocar.

Segundo a fundação em SP, a investigação que a 31ª Bienal faz do potencial revelador da arte foi reconfigurada de acordo com o contexto físico, social e cultural da cidade do Porto, onde ocorre a itinerância. As obras de arte selecionadas, desde pinturas e esculturas até vídeos e instalações, fornecem um panorama do modo como a religião, a história e outros sistemas de controle afetam a vida cotidiana e engendram diferentes maneiras de pensar e imaginar o mundo.

Entre várias obras notáveis estão retratos de parede de Éder Oliveira (Brasil); o vídeo Ymá Nhandehetama de Armando Queiroz (Brasil), que fala da presença invisível dos indígenas no Amazonas; os desenhos às margens do rio de Anna Boghiguian (Egito) e a instalação cinematográfica de Virgínia de Medeiros (Brasil) que aborda questões relacionadas com gênero, rituais religiosos e espiritualidade.

O móbile transparente de Voluspa Jarpa (Chile) e o vídeo de Clara Ianni e Débora Maria da Silva (Brasil) reúnem os fantasmas do passado colonial e os legados da ditadura, tal como a intensidade da vida urbana contemporânea. A exposição adquire um caráter mais ficcional e metafórico com as instalações de Walid Raad (Líbano), Edward Krasiński (Polônia), as pinturas de Wilhelm Sasnal (Polônia) e o filme de Yael Bartana (Israel) que imagina a destruição do Templo de Salomão, em São Paulo.

Destaca-se também a reapresentação de dois projetos conjuntos criados para a ocasião da 31ª Bienal: a instalação Errar de Deus, de Etcétera… + León Ferrari (Argentina); e Mujawara, assinado pelo Grupo Contrafilé (Brasil), Sandi Hilal (Palestina) e Alessandro Petti (Itália). Ainda compõem a mostra os projetos dos artistas Agnieszka Piksa (Polônia), Ana Lira (Brasil), Bruno Pacheco (Portugal), Chto Delat (Rússia), Danica Dakić (Bósnia e Herzegovina), Gabriel Mascaro (Brasil), Graziela Kunsch e Lilian L’Abbate Kelian (Brasil), Johanna Calle (Colômbia), Juan Carlos Romero (Argentina), Juan Pérez Agirregoikoa (Espanha), Mark Lewis (Canadá), Nilbar Güreş (Turquia), Qiu Zhijie (China) e Tony Chakar (Líbano).

Para Luis Terepins, presidente da Fundação Bienal de São Paulo, as itinerâncias “buscam expandir os intercâmbios possíveis entre a vida cultural de São Paulo e os espaços expositivos no interior e exterior, projetando as questões da 31a Bienal rumo a novos públicos e novas direções”. A seleção curatorial para Serralves foi realizada pelos curadores Charles Esche, Galit Eilat e Oren Sagiv. Além das obras da 31ª Bienal, a apresentação em Serralves integra um programa de discussões que terão lugar no espaço da galeria e trabalhos de Cildo Meireles pertencentes à Coleção Serralves.

Programa público

A itinerância da 31ª Bienal em Serralves será complementada por um programa público desenvolvido pelos curadores da Bienal em conjunto com o Serviço Educativo do Museu de Serralves. O programa decorrerá em três momentos fundamentais e baseia-se na investigação realizada pelos curadores Charles Esche, Galit Eilat e Oren Sagiv no Porto e em Lisboa, onde se reuniram com jovens artistas, ativistas e investigadores e visitaram espaços expositivos independentes, universidades e cooperativas de arte.

O primeiro momento, no dia da inauguração, promove o encontro entre artistas, críticos e curadores a propósito do projeto artístico Bienal de São Paulo. Ao longo do fim de semana que segue a inauguração, haverá uma mesa-redonda com o tema “Uma Escola debaixo da Árvore – Educação, entre Imaginação e Ativismo”, em que educadores, artistas e ativistas analisarão o potencial social e comunitário dos processos educativos.

Em novembro, o Museu receberá o simpósio “Colonialismo Inverso” que irá debruçar-se sobre as relações entre Portugal e as suas ex-colônias e a interpretação artística contemporânea do modo de abordar as histórias coloniais, ao nível tanto da produção artística como do desenvolvimento institucional.

Em dezembro, o simpósio “Direito à Cidade ― Criminalização dos Pobres” analisará a possibilidade do exercício da cidadania numa situação de pobreza persistente.

O programa regular de visitas guiadas e workshops do Museu de Arte Contemporânea de Serralves prosseguirá paralelamente a esses momentos-chave ao longo do período em que decorrer a exposição, proporcionando uma ativação constante do acontecimento enquanto espaço de encontro e discussão.

SERVIÇO
31ª Bienal de São Paulo – Obras Selecionadas
2 de outubro 2015 a 17 de janeiro 2016
Museu de Arte Contemporânea de Serralves – Porto/Portugal
Rua D. João de Castro, 210 – 4150-417, Porto, Portugal
ter-sex: 10h-17h; sáb-dom: 10h-19h
www.serralves.pt

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