Amor pelo folclore já ensinou “milhares” há seis décadas em Viana do Castelo

Da Redação
Com Lusa

Festival de Folclore em Santos (25)Agostinho Mendes, com 80 anos, continua a transmitir “a velhos e novos” a arte de dançar, tendo já ensinado folclore a “milhares” de pessoas. Nessa entrevista à Lusa, conta que seu amor pelo folclore já o fez ensinar muitos há seis décadas.

“Tenho um dom para ensinar. Mandando-os alinhar, levantar os braços, olhar para o público e rir”, afirmou o ensaiador da Escola de Folclore de Santa Marta de Portuzelo, em Viana do Castelo.

Depois da morte do “grande” amigo Isidro Palmeira, em março passado, considerado o “dançarino número um” da região e que inspirou a estátua dedicada ao folclore situada em pleno centro da cidade, ele passou a ocupar o seu lugar como o “ensaiador que mais gente ensinou a bailar”.

“Um dia que morra, que não vou estar aqui toda a vida, o maior prazer que teria era juntar todos aqueles que ensinei a dançar”, disse emocionado o conhecido Melro.

Agostinho Mendes começou “tarde” no folclore, com 20 anos, quando ingressou no Grupo Folclórico da freguesia de Viana do Castelo, e nem ele próprio acreditou na sua vocação para dançarino. “No primeiro dia em que fui ao ensaio, sem perceber patavina de folclore, todos os elementos se riram, porque não dava uma para a caixa, andava lá às escuras”, desabafou.

Rapidamente ganhou o jeito, e aos 23 anos já dirigia ensaios, tendo se tornado um elemento “fundamental” do grupo que nos anos 50 ganhou projeção internacional com deslocações “constantes” à Alemanha, França, Inglaterra, Bélgica, Holanda, Brasil, Espanha.

“Tinha duas coisas que mais adorava na vida: os meus pais, e o Grupo de Santa Marta de Portuzelo”, confessou o homem que foi cartaz da romaria de Nossa Senhora da Agonia em 1959.

Funcionário da Câmara de Viana, Agostinho Mendes viu na reforma, a oportunidade de dedicar ao “grande amor”, ainda mais tempo.

Ajudou a fundar e a dinamizar grupos folclóricos em todo o concelho, e no município vizinho de Caminha, e chegou até a ser convidado para “preparar” duas danças que apresentou na Universidade de Coimbra.

Há mais de 23 anos que ensina a dançar na escola folclore de Santa Marta, a cerca de 70 elementos, atividade que complementa num lar de idosos da cidade, “e onde o chamarem”.

“Já ensinei milhares de pessoas, dos 4 aos 80 anos. É melhor ensinar os pequeninos que os grandes. Os pequeninos ficam amuados mas não ficam zangados. Uma pessoa tem de gritar mais um bocadinho, porque eles distraem-se. Os miúdos ficam amuados, mas esquecem rápido. Os velhos, não. Ficam amuados e zangados, não esquecem”, admitiu do alto dos seus 80 anos.

Romaria
Entre os dias 7, 8 e 9 de Agosto, acontece a Romaria de Santa Marta de Portuzelo – 59º Festival Internacional de Folclore.

O programa abre com a exposição: “O Trajar na Nossa Terra”, integrado nas comemorações dos 75 anos da fundação do Grupo Folclórico de Santa Marta de Portuzelo, em colaboração com a comissão de festas da Romaria de Santa Marta de Portuzelo. A exposição pretende preservar e divulgar o patrimônio local. Ainda acontece apresentação, pela Escola de Folclore de Santa Marta de Portuzelo, do espetáculo Cantigas da Nossa Terra e Danças do outro Mundo, além de desfiles, concertos, cortejos e mais.

Para o festival de folclore, estarão representados os países Portugal, Itália, Brasil e Costa Rica. Se apresentam o Grupo Folclórico de Santa Marta de Portuzelo (Alto Minho) — Grupo Folclórico de Santa Marta de Portuzelo (Alto Minho) • Rancho Típico de S. Mamede de Infesta (Douro Litoral) • Rancho Folclórico do Ourondo (Beira Baixa) • Rancho Folclórico “Os Camponeses” de Santana do Mato (Ribatejo) • Grupo Folclórico de Itália • Grupo Folclórico da Costa Rica • Grupo Folclórico do Brasil.

Deixe uma resposta

%d blogueiros gostam disto: