Além da língua e audiovisual, Brasil e Portugal acordam divulgação de escritores em bibliotecas públicas

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Mundo Lusíada
Com agencias

As bibliotecas públicas portuguesas e brasileiras vão passar a conter uma biblioteca básica de autores de cada um dos países, no âmbito de uma parceria anunciada nesta terça-feira.

“O Brasil vai organizar umas bibliotecas básicas de livros de autores brasileiros, para distribuir por bibliotecas portuguesas, e nós vamos criar algumas bibliotecas básicas de livros de autores portugueses, para distribuir nas bibliotecas públicas do Brasil”, afirmou o ministro português Jorge Barreto Xavier.

A medida insere-se na política “de cooperação” que está a ser “trabalhada com o Ministro da Cultura do Brasil [Juca Ferreira] e que vai incidir também noutras áreas”, anunciou o secretário de Estado da Cultura durante a apresentação do Fólio – Festival Internacional de Literatura, que irá decorrer em Óbidos de 15 a 25 de outubro.

“Estranhamente, às vezes não conhecemos bem a literatura uns dos outros e este é um contributo muito prático e concreto que vai avançar nesse sentido”, acrescentou Barreto Xavier, sem precisar quais os autores ou o número de obras a disponibilizar em cada um dos países.

A parceria entre os dois países foi também abordada, durante a apresentação do festival, por Juca Ferreira, que expressou a vontade de “trazer um pouco mais da literatura brasileira para disponibilizar aos leitores portugueses”.

O ministro brasileiro disse esperar que a parceria contribua “para desenvolver estratégias que nos aproximem, que fortaleçam a nossa língua e que criem a possibilidade de um intercâmbio e uma proximidade muito maior do que aquela que já temos”.

Juca Ferreira falava durante a apresentação do festival de Óbidos que, durante dez dias, aliará a literatura à folia, realizada num restaurante de Lisboa. O festival vai contar com a presença de cerca de 50 escritores de Portugal, Brasil e de países africanos.

Fortalecimento da Língua
Nesta visita oficial, Brasil e Portugal debatem ainda o fortalecimento da Língua Portuguesa e cooperação no setor audiovisual.

“Brasil e Portugal têm um nível de amizade muito qualificado, uma história e uma língua em comum. No entanto, nossas relações culturais ainda são pouco exercitadas”, afirmou Juca Ferreira. “Esta visita tem um pouco esse caráter, de reaquecermos o contato entre o Ministério da Cultura brasileiro e a Secretaria de Cultura portuguesa, para que possamos, de fato, chegar a um patamar de cooperação que represente um incremento dessa afinidade cultural existente entre os dois países”.

O fortalecimento da Língua Portuguesa foi um dos temas tratados por Juca Ferreira e Jorge Xavier. “Para construirmos uma ortografia comum, precisamos compreender a complexidade dos diferentes países de Língua Portuguesa, muitos dos quais, como os africanos, convivem com dezenas de línguas diferentes no mesmo território”, destacou Juca. “É preciso convocar os países que utilizam o idioma para retomar o processo de fortalecimento da língua. O Português precisa ser uma língua de trabalho das Nações Unidas, precisa ter uma presença muito maior na internet. Essas são políticas que o mercado não constrói, é preciso que seja feito pelos Estados nacionais, e em cooperação”.

Ferreira reconheceu à Lusa que o AO “podia ter sido feito com mais harmonização” das diferenças entre os vários países que subscreveram o documento, dado a língua portuguesa ocupar “um espaço geográfico muito grande”, sendo falada “por milhões de pessoas” e desenvolvendo-se “em contextos culturais distintos”.

Ainda assim Juca Ferreira estima que até ao final do próximo ano, com o Brasil na liderança da CPLP (Comunidade dos Países de Língua Portuguesa), o AO possa estar implementado em todos os países e que o mesmo possa ser revisto “substituindo algum aspecto que tenha sido detetado e que foi utilizado de alguma forma inadequada”.

Audiovisual
Tanto Brasil quanto Portugal vêm investindo em produções para o cinema, a televisão e a internet, inclusive em cooperação entre os dois países. Na tarde dessa segunda-feira, Juca Ferreira e Jorge Xavier participaram de um encontro com representantes da Rádio e Televisão de Portugal (RTP) e também com a direção do Instituto do Cinema e do Audiovisual (ICA) de Portugal.

Um dos temas da conversa foi a necessidade de ampliar a produção conjunta e também ampliar a troca de conteúdos em Língua Portuguesa. Isso prevê, inclusive, um crescimento e uma expansão da cooperação da RTP com a Empresa Brasil de Comunicação (EBC), a TV pública do Brasil.

“Portugal tem uma grande tradição de teve publica. Eles atuam na África, têm uma produção internacional forte e uma presença maior na sociedade portuguesa do que nossas tevês públicas têm no Brasil”, destacou Juca Ferreira. “É uma experiência que temos de prestar atenção, porque o Brasil teve uma história diferente na área da televisão. As tevês privadas de entretenimento, as tevês abertas, deram a tônica no Brasil”, afirmou o ministro.

Segundo Juca Ferreira, a sociedade brasileira está demandando uma complementação da experiência com as tevês publicas. E o intercâmbio com Portugal pode gerar uma potência no sentido de construir ações comuns entre os dois países.

No final da tarde, Juca Ferreira e Jorge Xavier acompanharam a assinatura de um protocolo de cooperação entre a Associação Brasileira de Produtores Independentes de Televisão (ABPITV) e o ICA. As duas instituições realizarão, em junho de 2016, o Lisboa Rio Content Market. Esse é um evento já consolidado no Brasil, que reúne produtores, criadores e compradores de audiovisual, que agora atravessa o Atlântico para ganhar espaço na Europa, ampliando a divulgação do audiovisual brasileiro e português.

Ainda outros temas estiveram em pauta como intercâmbio artístico, regulação da internet e preço mínimo dos livros. “Outro tema foi o patrimônio. Portugal está desenvolvendo uma serie de ações, entre elas ordenar a guarda e a digitalização de documentos públicos, não só os históricos, mas também os mais recentes”.

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