São Tomé e Príncipe “dependente da generosidade internacional”

Da Redação
Com Lusa

O Presidente são-tomense Evaristo Carvalho disse que o seu país vive “dependente da generosidade internacional” e a economia “continua desequilibrada e persistente” na sua relação de dependência com o exterior.

“O dia-a-dia do nosso país depende da generosidade internacional, pois as nossas despesas de investimento são financiadas em mais de 90% com recursos externos, o que limita às autoridades a possibilidade de execução de uma política genuína de desenvolvimento sustentado”, disse, no discurso das comemorações do 42.º aniversário da independência do país, em 12 de julho.

“A nossa economia continua desequilibrada e persistente na sua relação de dependência com o exterior”, acrescentou o chefe de Estado.

Durante mais de 15 minutos de discurso, Evaristo Carvalho sublinhou o “desacerto na execução de políticas adequadas”, enfatizando que o “pouco aproveitamento das oportunidades conseguidas ao longo dos anos” está na origem da atual situação de pobreza do país.

“O desacerto na implementação e execução de políticas adequadas, o pouco aproveitamento das oportunidades conseguidas ao longo dos anos e a falta de estabilidade política refletem-se, nos dias de hoje, na nossa economia, traduzida na incapacidade de gerar emprego e riqueza que garantem o progresso e uma melhor qualidade de vida a todos os são-tomenses”, explicou.

O chefe de Estado lembrou que a conquista da independência do país em 1975 foi “marcada por um forte desejo de liberdade e desenvolvimento”, e a instauração de um Governo democrático com o surgimento da segunda república em 1990 permitiu igualmente maior participação dos cidadãos na definição de políticas públicas de desenvolvimento, “reforçando, deste modo, as garantias dos direitos e das liberdades”.

No entanto, lembrou o poder político que a edificação e a consolidação do estado de direito democrático no arquipélago ainda “não é uma obra acabada”.

“Devemos dedicar sempre as atenções para o reforço das instituições democráticas e estarmos atentos e recetivos à criação de novos espaços de liberdade para todos os cidadãos”, defendeu Evaristo Carvalho.

O Presidente considerou ainda que a “sobrevivência económica” de São Tomé e Príncipe deve passar “inevitavelmente pela tomada de consciência urgente de que temos de contar com os nossos próprios esforços e optar por uma melhor e maior capacidade de organização e de trabalho”.

O chefe de Estado disse acreditar que o recente restabelecimento das relações diplomáticas com a República Popular da China possa dar ao país “uma excelente oportunidade e novas fontes de financiamento que certamente permitirão concretizar alguns projetos estruturantes”.

Defendeu, no entanto, “um corajoso, profundo e descomprometido” processo de reforma “em todos os setores da sociedade”.

“É preciso reformar em profundidade o sistema judiciário, melhorando o acesso de todos à justiça, os seus custos, cortando os seus labirintos e iluminando as suas zonas cinzentas”, disse.

As atividades para assinalar os 42 anos da independência do país tiveram como palco a cidade da Trindade, capital do Distrito de Mé Zóchi, o segundo maior do país.

A presidente da câmara local, Isabel Domingos, apelou à população para valorizar as portas que a independência abriu e “as conquistas alcançadas a vários níveis no desenvolvimento político, económico e social do país”, mesmo que elas ainda estejam “longe do ideal do desenvolvimento humano exigido”.

“Quarenta e dois anos passaram e estamos a comemorar a nossa independência num momento em que a exigência socioeconômica é elevadíssima”, disse, sublinhando que a necessidade de todos estarem “aliados, cientes, unidos e sensibilizados em torno do fundamental nunca foi tão imperiosa”.

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