Da Redação
Após se reunir com a ministra da Cultura de Angola, Carolina Cerqueira, e assinar um Memorando de Entendimento que permitirá um intercâmbio cultural com o país africano, o ministro brasileiro Roberto Freire teve outras duas reuniões bilaterais com nações que participam da X Reunião de Ministros da Cultura da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), em Salvador.
Freire tratou de diversos temas com o ministro da Cultura de Cabo Verde, Abraão Aníbal Vicente, e com o embaixador de Moçambique no Brasil, Manuel Tomás Lubisse.
Logo depois de retornar da Casa de Angola, onde firmou o acordo de intercâmbio e foi recebido para um almoço, Freire reuniu-se com Aníbal Vicente e tratou, entre outros assuntos, do incentivo à leitura e da promoção de feiras literárias envolvendo Brasil e Cabo Verde.
Além disso, o ministro da Cultura de Cabo Verde também demonstrou preocupação com a gestão do patrimônio histórico e cultural local. Ele citou as nove ilhas existentes no país, cada uma delas com um dialeto diferente, e falou da intenção de candidatá-las a Patrimônio da Humanidade.
O ministro Abraão Aníbal Vicente destacou, em especial, a Cidade Velha, que foi declarada Patrimônio Cultural da Humanidade em 2009 pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco). O objetivo do governo local é preservar o título da Cidade Velha e preparar os dossiês das possíveis outras candidaturas do país.
“O Iphan (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional) e o Ibram (Instituto Brasileiro de Museus) estão presentes neste evento. Amanhã mesmo (sexta-feira) vocês podem conversar diretamente sobre isso”, sugeriu o ministro Roberto Freire ao citar a presença dos presidentes do Iphan, Kátia Bogéa, e do Ibram, Marcelo Araújo, no encontro da CPLP em Salvador.
“Os nossos problemas são semelhantes. Seria interessante trabalharmos juntos e trocarmos experiências nessa questão do patrimônio”, disse Bogéa ao ministro da Cultura de Cabo Verde. A presidente do Iphan lembrou que haverá um encontro em setembro envolvendo todas as cidades brasileiras que ostentam o título de Patrimônio Mundial da Humanidade e se colocou à disposição para ajudar Cabo Verde em seu pleito.
Abraão Aníbal Vicente também contou a Freire e à delegação brasileira que há registros de uma caravela de Pedro Álvares Cabral localizada no fundo do mar em uma das ilhas do país. O ministro da Cultura brasileiro, então, destacou a proximidade das comemorações pelos 200 anos da Independência do Brasil e endossou a sugestão de Kátia Bogéa de tentar viabilizar um trabalho de arqueologia subaquática no local. “Não é uma coisa menor nem interessa apenas ao Brasil. Aquele foi um período histórico importante em que o mundo se descobriu”, comentou Freire.
Moçambique
Na reunião bilateral com Moçambique, o governo do país foi representado pelo embaixador no Brasil, Manuel Tomás Lubisse, em substituição ao ministro da Cultura local, Silva Armando Dunduro, que não pôde comparecer. O moçambicano disse a Freire que não houve grandes avanços no intercâmbio com o Brasil nos últimos anos, sobretudo na área de gestão cultural.
Já no âmbito da CPLP, o tema central da conversa foi a preocupação do governo de Moçambique em investir em ações de promoção da língua portuguesa em todo o mundo. “Podemos promover a língua portuguesa a partir de um esforço em promover o que se produz em língua portuguesa. Estamos presentes em todos os espaços geográficos e podemos alcançar uma força muito maior. Só depende de nós”, afirmou Lubisse.
Roberto Freire concordou com a visão do embaixador. “Precisamos realmente olhar para essa questão com atenção. Não se trata de nenhuma ideia de hegemonismo, mas temos de nos preocupar com aqueles que não falam português. Há alguns países que têm o português como idioma oficial, mas já não têm quase ninguém falando a língua”, lamentou o ministro brasileiro.
Sobre gestão cultural, Freire destacou a atuação do Iphan e da Fundação Casa de Rui Barbosa (FCRB), que vêm oferecendo bolsas para cursos nessa área. Por fim, o ministro da Cultura citou a postulação do Brasil em integrar o Comitê Executivo da Unesco e pediu o possível apoio de Moçambique.