Mobilidade de cidadãos dentro da CPLP será “realidade inevitável”

Da Redação
Com Lusa

CPLP_IsaacMurargyO secretário-executivo da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), Murade Murargy, considerou que a mobilidade de cidadãos entre os Estados-membros será “uma realidade inevitável”, mas no próximo ano já deverão ser abolidos os vistos para algumas profissões.

Por enquanto, apenas existem “acordos bilaterais que decidiram a abertura de fronteiras”, mas “para que o cidadão em geral possa circular no espaço, isso ainda vai demorar algum tempo”, admitiu o responsável, em entrevista à agência Lusa.

“Não posso dizer que seja no meu mandato [mais dois anos], mas [a abertura de fronteiras] vai acontecer nos próximos tempos. É uma realidade inevitável”, considerou. A medida, na opinião de Murargy, permitirá aos cidadãos “sentir a existência da CPLP”.

Um dos principais obstáculos tem sido o fato de Portugal estar integrado no espaço Schengen é um grande obstáculo, o que limita a sua liberdade de decidir, mas o secretário-executivo mostrou-se confiante de que será possível encontrar uma solução.

O secretário-executivo condenou exigências atuais como a obrigação de mostrar o extrato da conta bancária para que seja emitido o visto. “É perigoso e é contra a liberdade e privacidade da pessoa. Onde é que já se viu isto?”, questionou.

Murade Murargy criticou também que alguns Estados-membros da CPLP facilitem mais a circulação de cidadãos de países de fora da comunidade ou que, mesmo após a emissão de vistos, ainda sejam levantadas muitas questões e complicações na fronteira”.

“Temos de acabar com isto. Timor-Leste [que detém a presidência da CPLP nos próximos dois anos] está a trabalhar para que os ministros de Interior e da Administração Interna possam decidir no sentido de, no próximo conselho de ministros, em julho do próximo ano, possa haver já uma decisão de que algumas classes possam ter vistos”, afirmou.

Entre estas classes profissionais estão empresários, jornalistas, estudantes, artistas ou desportistas.

Timor

A presidência de Timor-Leste da CPLP terá como prioridade a cooperação econômica e empresarial, aproveitando ser o único país da organização na Ásia, região com um forte dinamismo econômico.

A atual presidência da CPLP “está muito focada na criação de um ambiente de negócios propício para que os empresários possam livremente desenvolver os seus negócios”, revelou Murade, exemplificando alguns projetos em estudo: a constituição de uma multinacional para a exploração de um bloco de petróleo em Timor ou a criação de um banco ou de um fundo de investimento.

“Hoje, vemos que no nosso espaço da CPLP há muitos recursos, sobretudo os energéticos, mas também a agricultura. Países africanos como Angola e Moçambique podem perfeitamente, mediante uma cooperação mais sistematizada, produzir comida para abastecer os mercados do Médio Oriente”, ilustrou. Para tal, é necessário “limar alguns condicionalismos”, nomeadamente ao nível de leis laborais.

“A estrada principal são os nossos valores e a língua. Agora temos de ir criando outros subsídios que possam dar mais força a esta componente político-diplomática, como a parte empresarial, a mobilidade, a criação de um Erasmus para a CPLP”, afirmou.

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