Filha do fundador da independência da Guiné-Bissau lamenta divisão no PAIGC

Da Redação
Com Lusa

Guine-BissauA filha de Amílcar Cabral, fundador do movimento pela independência da Guiné-Bissau e Cabo Verde, lamentou nesta quarta-feira que tenha havido dois momentos de homenagem ao pai, em vez de um só.

“O ideal seria uma única cerimónia, de um povo unido. Agora houve dois momentos, com o Presidente da República e com o Presidente do partido [Partido Africano da Independência da Guiné e Cabo Verde, PAIGC]. É a situação do país”, referiu Indira Cabral.

Dia 20 de janeiro é feriado na Guiné-Bissau, o dia em que se assinalam 43 anos do assassínio de Amílcar Cabral. Tal como é habitual nesta data, as principais figuras nacionais e do PAIGC procederam à deposição de coroas de flores no mausoléu do pai da independência, dentro do forte da Amura, sede do Estado-Maior General das Forças Armadas, em Bissau.

O Presidente da República, José Mário Vaz, fê-lo pelas 10:00, sem prestar declarações. Indira Cabral acompanhou o chefe de Estado e permaneceu no local para estar também ao lado da homenagem feita pelo partido.

O presidente do PAIGC, Domingos Simões Pereira, e um grupo de militantes chegou pelas 11:00, fazendo votos para que o país consiga chegar à “unidade” sonhada por Cabral, sendo uma nação “onde a paz e a justiça possam reinar”.

“Que tenhamos em Amílcar Cabral inspiração suficiente para escolher a verdade e a justiça. Se assim o fizermos somos capazes de encontrar saída para todos os problemas”, referiu Simões Pereira aos jornalistas, no local, numa alusão à atual crise política.

Contra a posição das forças vivas do país e da comunidade internacional, o Presidente da República (também eleito pelo PAIGC) demitiu em agosto o governo de Domingos Simões Pereira, alegando divergências pessoais e diversas ilegalidades, mas sem processos judiciais que as sustentem.

O chefe de Estado ainda nomeou um outro primeiro-ministro, mas o novo Executivo seria considerado inconstitucional, obrigando Vaz a recuar e a empossar um governo de continuidade do PAIGC, desta vez chefiado por Carlos Correia.

No entanto, a divisão no partido agudizou-se. Um grupo de 15 deputados do PAIGC ao lado do Presidente aliou-se à oposição no Parlamento para derrubar o Governo, mas o partido expulsou-os e requereu a respetiva perda de mandato, confirmada na última semana.

Face à decisão, o “grupo dos 15” recusa-se a sair da Assembleia e os protestos levaram esta semana por duas vezes à suspensão da sessão que deveria votar o programa de Governo.

Para quinta-feira esta marcada nova tentativa de continuar os trabalhos em que o PAIGC quer que tomem assento novos deputados de modo a manter intacta a maioria parlamentar.

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