Distinguido em Coimbra, ministro de Cabo Verde doa valor do Prêmio Miguel Torga

O presidente da Câmara Municipal de Coimbra, Manuel Machado (C), entrega o Prémio Literário Miguel Torga/Cidade de Coimbra ao escritor e ministro da Cultura de Cabo Verde, Mário Lúcio Sousa (D), pela obra “Biografia do Língua”, acompanhado pelo secretário de Estado da Cultura, Jorge Barreto Xavier (E), no salão nobre da Câmara Municipal de Coimbra, 12 de julho de 2015. PAULO NOVAIS/LUSA
O presidente da Câmara Municipal de Coimbra, Manuel Machado (C), entrega o Prémio Literário Miguel Torga/Cidade de Coimbra ao escritor e ministro da Cultura de Cabo Verde, Mário Lúcio Sousa (D), pela obra “Biografia do Língua”, acompanhado pelo secretário de Estado da Cultura, Jorge Barreto Xavier (E), no salão nobre da Câmara Municipal de Coimbra, 12 de julho de 2015. PAULO NOVAIS/LUSA

Da Redação
Com Lusa

O vencedor do Prêmio Miguel Torga, Mário Lúcio Sousa, ministro da Cultura de Cabo Verde, anunciou que vai doar o valor da distinção (cinco mil euros) às obras de reabilitação do Campo do Tarrafal.

O anúncio de Mário Lúcio de Sousa foi feito durante a sessão em que lhe foi entregue a distinção, na tarde de 12 de julho, no Salão Nobre da Câmara Municipal de Coimbra, na qual esteve presente o primeiro-ministro de Cabo Verde, José Pereira Neves.

O Tarrafal é, “sem metáforas, o único patrimônio comum entre Portugal e Cabo Verde”, onde “portugueses e cabo-verdianos sofreram juntos”, sustentou o ministro, escritor e músico, considerando que o antigo campo de concentração, situado na ilha de Santiago, constitui um espaço simbólico comum à lusofonia.

“A coincidência é o único Deus vivo”, disse Mário Lúcio Sousa, considerando que deve este prêmio a uma série de coincidências, desde logo o fato de ter concorrido a este prêmio, com o livro “Biografia do Língua”, na sequência do desafio, nesse sentido, que lhe foi lançado pelo jornalista português e seu amigo Francisco Fontes.

“Este prêmio, simbolicamente, vai para Cabo Verde, que é o país que nos ensinou a inventar o quotidiano e a valorizar o que podia ser desprezível”, sublinhou.

Cabo Verde teve “a luz de criar uma identidade – a independência é um ato cultural, disse Amílcar Cabral -“, de criar “uma nacionalidade, um país”, disse Mário Lúcio Sousa, exemplificando que o primeiro-ministro José Pereira Neves se empenha tanto em promover a construção de barragens como em manter em atividade a orquestra sinfónica nacional.

“Há 40 anos, Cabo Verde tinha apenas dois liceus e não tinha nenhuma universidade, mas hoje tem dez”, exemplificou ainda o escritor e ministro, assegurando que o Governo de que faz parte “é um dos mais belos coletivos” a que tem pertencido.

É “uma alegria acrescida para a Câmara Municipal de Coimbra distinguir”, na edição de 2014/2015 do Prêmio Literário Miguel Torga/Cidade de Coimbra, “pela primeira vez, um autor de outro país lusófono”, disse o presidente do município, o socialista Manuel Machado. “Assim, honramos também Miguel Torga, uma das mais marcantes figuras da literatura portuguesa do século XX”, sustentou.

Dirigindo-se ao secretário de Estado da Cultura, Jorge Barreto Xavier, que também participou na sessão, Manuel Machado disse que teria “muitas coisas para abordar” com ele, mas que está certo que terão tempo para o fazer, “noutras circunstâncias e noutro ambiente”.

Mas, “naturalmente, estamos preocupados, interessados e motivados em levar a bom porto o comprometimento que temos com a classificação de Coimbra como Patrimônio Mundial da Humanidade”, alertou Manuel Machado, salientando que está em causa “um comprometimento da Universidade, da Câmara Municipal e do Estado [central]”.

“Muitas vezes as coisas da cultura passam ao lado dos governos”, mas ela “tem um papel central no desenvolvimento dos povos”, defendeu, durante a sua intervenção, o secretário de Estado Barreto Xavier.

Jorge Barreto Xavier visitou esta semana Cabo Verde onde, além de protocolos assinados nas áreas do livro, das artes e dos arquivos, destacou “o trabalho na área do Património, especificamente, no Tarrafal”. Em concreto, segundo o secretário de Estado da Cultura, Portugal vai ajudar Cabo Verde a transformar em museu o antigo campo de concentração, através de um “crowdfunding” com sede em Lisboa.

O antigo campo de concentração do Tarrafal foi criado pelo regime colonial português, em abril de 1936, que o manteve ativo até 1954. Em junho de 1961, as instalações foram reabertas, para encarcerar resistentes à guerra colonial. O encerramento definitivo do campo de concentração concretizou-se a 01 de maio de 1974.

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