Por Ígor Lopes
Conhecida por ser o único nome de comprovada luta pela comunidade portuguesa e luso-brasileira na Câmara Municipal do Rio de Janeiro, Teresa Bergher, recém-eleita vereadora, traz no currículo algo em torno de 12 anos de atuação no campo legislativo da cidade maravilhosa. Dentre as suas ações, estão também a defesa da cultura e hábitos da comunidade judaica e a promoção do cuidado com os animais.
Professora, Teresa iniciou-se na política há 30 anos. Foi subprefeita de Copacabana e administradora regional da Maré. Após anos de trabalho, é conhecida pelo seu rigor na fiscalização da execução orçamentária do Município, o que gerou denúncias ao Ministério Público e à imprensa, como os desvios da OS Biotech, que atua na área da Saúde, em que os donos foram presos, o caso Tesloo, os contratos sem licitação da RioSaúde, a farra dos cachês para artistas e o aumento do custo da obra dos piscinões da Praça da Bandeira, apesar da diminuição da capacidade de armazenamento prevista inicialmente no projeto.
A poucos dias de iniciar o seu quarto mandato, Teresa Bergher, viúva do deputado Gerson Bergher, garante que irá desempenhar o seu papel de oposição de qualidade, confrontando líderes de bancada e os demais colegas na busca por leis que beneficiem a população carioca.
Em entrevista exclusiva ao Mundo Lusíada, a vereadora falou sobre a sua preocupação com a utilização do orçamento municipal, disse que irá defender os menos favorecidos e prometeu atenção especial à temas como educação, saúde e saneamento básico. Esta responsável disse também estar preparada para lidar com o novo prefeito do Rio e que, após conversar com cariocas de todas as classes sociais, pretende atuar em favor da população da cidade como um todo. Segundo Teresa, ética e corrupção não estão a ser mais toleradas pelo povo.
Mundo Lusíada – ML: Após vencer mais uma eleição, que mensagem deixa para a população carioca?
Teresa Bergher – TB: A minha mensagem é de agradecimento pela confiança em mim depositada e a certeza da minha lealdade e empenho, dando o melhor de mim na defesa dos interesses dos cidadãos que vivem na nossa linda cidade maravilhosa.
ML: Que atividades irá desempenhar nesta nova gestão?
TB: Não abandonarei a função mais importante do parlamentar: fiscalizar a aplicação do orçamento municipal. Na condição de vereadora voltada para as questões que atingem os menos favorecidos, vou continuar cobrando o que essas pessoas abandonadas pelo poder público precisam: saneamento básico; acesso à educação e à saúde. Ainda existem muitas pessoas morrendo nas filas dos hospitais. Também, na atual legislatura, procurei dar um pouco de atenção à defesa da causa dos animais. Vou intensificar e me dedicar ainda mais a esta questão, pois sei que não existem políticas públicas voltadas para os animais e os nossos bichinhos merecem ser assistidos.
ML: Em relação à comunidade portuguesa, o que os luso-descendentes residentes no Rio podem esperar do seu trabalho na Câmara? É possível fazer alguma coisa em prol da comunidade portuguesa carioca?
TB: Os problemas que vivemos na cidade atingem a todos os cidadãos que aqui vivem. Nós, portugueses, fazemos parte desse universo! Defender o Rio de Janeiro é também defender a família lusíada. Claro que, como única representante da comunidade portuguesa, é meu dever estar na linha de frente na defesa dos nossos valores culturais e costumes, procurando ajudar nas aflições que possam atingir as nossas instituições.
ML: Teremos segundo turno para prefeito no Rio. Independentemente de qualquer que seja o resultado, como acredita que será atuar junto aos vereadores eleitos recentemente e ao novo prefeito?
TB: Possivelmente vamos ter uma Câmara mais difícil, mas acredito que mais atuante. Espero que o prefeito eleito deixe os vereadores trabalharem com independência e não crie uma base de governo comprometida apenas com os interesses da sua gestão, como aconteceu nos dois governos de Eduardo Paes.
ML: Como é hoje a sua ligação com a Câmara do Rio e com a prefeitura?
TB: Apesar das minhas permanentes cobranças, a minha relação com a Câmara do Rio é boa. Sou respeitada por todos os meus colegas vereadores. Quanto ao prefeito, sou vereadora independente, de oposição, mas o próprio prefeito Eduardo Paes reconhece que faço uma oposição responsável e bem fundamentada e não uma oposição odienta e leviana.
ML: Tendo em vista a falta de credibilidade a que estão sujeitos os políticos brasileiros, atualmente, em virtude dos contornos mais recentes no executivo federal em Brasília, como foi a campanha este ano? Conte um pouco sobre os locais e populações visitadas, a opinião dos eleitores e refira qual é o segredo de receber mais de 30 mil votos?
TB: Eu fiz campanha em todos os segmentos da sociedade. Da classe D à classe AA. Saía de encontros e panfletagens em comunidades carentes da Zona Norte e me dirigia diretamente para reuniões e encontros na Vieira Souto e Delfim Moreira, áreas mais nobres da Zona Sul da cidade. De todos recebia o mesmo carinho e receptividade. Vejo nestes sentimentos o reconhecimento e aprovação do trabalho que realizo. Apesar de tanta falta de ética e corrupção na política, o povo sabe separar o joio do trigo.
ML: Por fim, como será encarar mais essa gestão sem ter ao seu lado a experiência do marido e deputado Gerson Bergher?
TB: O meu querido e amado Gerson, de abençoada memória, deixou uma imensa saudade! Foi o meu grande mestre na política e na vida e era um grande consultor. Ressalto, entretanto, que ele sempre me deu liberdade de ação, respeitando os meus posicionamentos. Ele está presente em cada movimento e ação que pratico. Esteve comigo durante toda a campanha, me guiando e me protegendo. E assim continuará, pois o meu trabalho e a minha luta nada mais são do que o seu trabalho e a sua luta também. São a sua continuidade!