No Brasil, associam a música portuguesa ao fado e não conhecem outra, diz cantora portuguesa

Evento Experimenta Portugal no Ibirapuera. Foto Gabriel Lopes, Portugal das Caravelas
Evento Experimenta Portugal no Ibirapuera. Foto Gabriel Lopes, Portugal das Caravelas

Mundo Lusíada
Com Lusa e agencias

Músicos portugueses, como Mimicat ou The Black Mamba, aproveitaram o palco dedicado a Portugal na Virada Cultural de São Paulo, para criar uma ponte de chegada ao Brasil de uma nova música, diferente do fado, mais reconhecido e disseminado.

“Fiquei espantada, porque as pessoas no Brasil associam a música portuguesa ao fado, e não conhecem outro tipo de música, em Portugal. Mas há uma certa sede de conhecer outras coisas portuguesas, e nós fazemos outras coisas”, afirmou à Lusa a cantora Mimicat, que se apresentou na virada e realizou dois concertos privados.

Assim como a cantora, os grupos The Black Mamba e Souls of Fire, o DJ Rui Vargas e o músico M-PeX aproveitaram a curta viagem ao Brasil, e o evento no parque Ibirapuera, para abrir portas e conhecer possibilidades de novas parcerias.

“Sinto que o Brasil está a abrir mais os braços para os artistas portugueses. Tem gente a fazer todos os tipos de música no país, e sentimos que outros estilos estão a ser bem recebidos”, afirmou Pedro Tanaka, vocalista e guitarrista dos The Black Mamba.

Tanaka destacou o papel do Rock in Rio ser organizado em Lisboa, para o conhecimento entre músicos dos dois países. Baixista da banda, o brasileiro Ciro Cruz afirmou que o intercâmbio entre bandas e “managers” foi essencial para que os músicos de um país fossem reconhecidos no outro.

Mimicat e The Black Mamba realizaram concertos repletos de personalidade, na passada quinta-feira, no Bourbon Street Music, que agradaram aos presentes e os motivaram a participar nos coros, a dançar e a aplaudir.

Miguel Campos, membro da banda Souls of Fire, realçou que o samba também é a música brasileira mais conhecida em Portugal, enquanto o país possui outros grupos, inclusive de reggae, de projeção internacional. O grupo apresentou-se pela primeira vez no Brasil na sexta-feira, no Bar Brahma.

A gerente de vendas Bárbara de Fátima Silva, 45 anos, deixou o ambiente onde estava a ouvir samba, para acompanhar o concerto dos portugueses, na “Virada”. “Eles falam rápido e é difícil de entender, mas a música é animada e as vozes são muito boas”, afirmou.

A assistente social Michele Akani, 32 anos, também aprovou. “A gente ouve falar mais do fado, o reggae foi surpreendente, mas sempre há espaço para as manifestações culturais”, disse ao lado do marido, que tinha conhecido a banda em Portugal.

“No ano passado, sentiu-se um borbulhar da música em todos os gêneros [em Portugal], do hip hop à eletrônica, do indie rock ao funk, com projetos inovadores em relação ao passado, apontando para o futuro. Acho que o Brasil poderia receber mais. Há muito a descobrir nas músicas portuguesas”, afirmou o DJ Rui Vargas, que se apresentou na casa noturna D-Edge e no palco da Virada.

O músico M-PeX, que tocou com DJ X-Acto e André Coelho, no parque Ibirapuera e em dois concertos privados, afirmou que o seu objetivo é usar a guitarra portuguesa, instrumento tradicional e difundido no Brasil, mas misturada com sons eletrônicos, transpondo o instrumento em algo novo.

Virada à Portuguesa
A Virada Cultural de São Paulo decorreu este fim de semana, na capital paulista, e dedicou um espaço à cultura portuguesa, do cinema, à literatura, à música e à gastronomia. Com uma estrutura montada no Parque Ibirapuera, o Experimenta Portugal levou ao público uma mostra com produtos portugueses, incluindo aulas de gastronomia e degustação de vinhos e de outras bebidas tais como água e cerveja entre quitutes lusos já conhecidos e curiosidades da culinária portuguesa, no espaço Portugal Premium com inscrições antecipadas.

Entre os produtos, estava o uso culinário de uma pedra que quando aquecida é capaz de cozinhar os alimentos sem a necessidade de temperá-los com sal, porque a própria pedra salga na porção adequada. Ela Extraída da mina de salgema da região de Algarve.

À agencia Brasil, o embaixador de Portugal no Brasil, Francisco Ribeiro Telles, classificou de “excelente” o momento atual das relações de seu país com o Brasil e que a participação na Virada Cultural ajuda a impulsionar ainda mais os negócios. “Esses eventos servem para atualizar as imagens que o Brasil tem de Portugal e também da que os portugueses têm do Brasil”.

Segundo ele, o Brasil é o parceiro comercial mais importante fora da União Europeia, com uma balança comercial em torno de 2 bilhões de euros, em 2014, quando, pela primeira vez, os negócios foram mais favoráveis a Portugal. “O Brasil é o terceiro emissor de turistas em Portugal”, apontou ele, citando que além do turismo, vem sendo dinamizado outros setores o da energia e das comunicações.

Do lado do entretenimento, um dos grandes nomes da música portuguesa a se apresentar na tarde de 21 de junho, foi a fadista Carminho. Ela é filha da também fadista Teresa Siqueira, considerada uma das maiores artistas contemporâneas que mistura o fado com outros gêneros musicais. Antes, na abertura dos shows no Ibirapuera, a também fadista Gisela João abriu os espetáculos com muito fado em nova roupagem, no final da tarde do dia 20.

Ainda, durante o evento, a companhia de energia portuguesa, EDP, montou um estande para receber inscrições de empresas que têm projetos de inovação de energia renovável. A programação desta edição da Virada Cultural contou com mais de 1.500 atrações gratuitas em vários pontos da cidade.

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