Emigrantes reagem com indignação à polêmica em torno de Tony Carreira em Paris

Da Redação
Com Lusa

TonyCarreiraPortugueses residentes na França manifestaram indignação com a recusa da Embaixada de Portugal em Paris em acolher a cerimônia de atribuição do grau de Cavaleiro da Ordem das Artes e das Letras ao cantor Tony Carreira.

Paulo Marques, conselheiro das comunidades portuguesas, disse à Lusa que “a comunidade está bastante chocada” mas “não está admirada porque há alguns anos que a Embaixada de Portugal [em Paris] desapareceu do mapa das comunidades”, criticou.

“A comunidade está bastante chocada porque sente que Portugal solicita o apoio das comunidades portuguesas, solicita o envio de remessas, solicita o investimento dos portugueses, mas verifica-se que ainda há muitos ‘a prioris’ com esta comunidade e com a cultura e as artes”, declarou.

O conselheiro eleito pela área consular de Paris lamentou, também, “a opinião do ministro dos Negócios Estrangeiros que acha que os fãs do Tony Carreira dariam um estudo sociológico”.

“Essa mensagem de desprezo é grave e o ministro dos Negócios Estrangeiros deveria era pedir desculpas pelo que disse porque demonstra claramente um afastamento deste Governo com as suas comunidades”, declarou o também autarca de Aulnay-sous-Bois, na região de Paris.

Raul Lopes, outro conselheiro das comunidades portuguesas eleito pela área consular de Paris, disse à Lusa que também lhe chegaram “ecos de indignação de portugueses relativamente ao facto de a embaixada não ter permitido que a condecoração fosse entregue lá”, mas “pessoalmente” diz não ver “razão para tanto alarido”.

“É um fato que há gente muito indignada. Agora, a minha opinião pessoal é que, sendo o Estado francês a atribuir a condecoração, não percebo por que é que a cerimónia haveria de realizar-se nas instalações do Estado português na Embaixada em Paris. Julgo que quem atribui a condecoração deveria arranjar um espaço digno para o fazer”, declarou.

Raul Lopes confirmou que “está a haver uma grande celeuma no Facebook e a maior parte das opiniões é a favor da pretensão do Tony Carreira e contra a posição do embaixador”, sublinhando que a atribuição da mesma condecoração à fadista Mísia na Embaixada de Portugal, em 2004, suscita interrogações sobre a existência de “dois pesos e duas medidas”.

Umbelina Trovão, em França há mais de 40 anos, esteve precisamente na cerimónia de entrega do grau de cavaleiro da Ordem das Artes e das Letras a Mísia na Embaixada de Portugal, em 2004, e considera que houve “dois pesos e duas medidas”.

“Foi na embaixada portuguesa, estava o senhor Mário Soares, o embaixador António Monteiro e a Mísia cantou depois de ter sido condecorada pelo ministro da Cultura francês. Eu não compreendi a polémica. Falam de protocolos, dizem que quando são os franceses que condecoram tem de ser na embaixada francesa ou no Ministério do Interior, mas é uma polémica estúpida porque eu lembro-me perfeitamente da cerimónia”, disse à Lusa Umbelina Trovão.

A emigrante oriunda do Alentejo salientou que nem é “uma fã do Tony Carreira, apesar de gostar das primeiras canções”, mas sublinhou que “se estivesse no lugar dele” e se lhe oferecessem uma medalha “também gostaria que fosse na embaixada de Portugal”.

Luísa Semedo, conselheira das comunidades eleita pela área consular de Paris, disse à Lusa que teve sobretudo ecos sobre se Tony Carreira mereceria a condecoração, mas declarou que “a maioria concorda que já que um português pediu para ser condecorado na Embaixada, foi pena terem-lhe fechado as portas”.

“Simbolicamente, acho muito duro fechar as portas a um cidadão português e percebo que isso seja mal acolhido. Mas também percebo que haja um protocolo, acho que faz mais sentido receber uma medalha francesa em território francês”, afirmou.

A 15 de janeiro, quando recebeu a medalha, Tony Carreira escreveu na sua conta facebook (com mais de 700 mil seguidores): “Quando tomei conhecimento desta condecoração, pedi se seria possível entregarem-me a medalha na embaixada de Portugal em Paris (a embaixada do meu país), pedido recusado pelo Sr. Embaixador de Portugal em Paris. Tive pena, fiquei triste, mas não mexe em nada com o meu orgulho em ser português”.

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