Emigrantes portugueses partilham casos de sucesso em Sintra

Da Redação
Com Lusa

investidoresdiasporaEm 1976, o português António Pargana viu-se obrigado a emigrar, “como muitos milhares de pessoas”. Foi para o Brasil, onde gere atualmente a oitava maior importadora brasileira e vê em Portugal um mercado “em que vale a pena investir”.

A Cisa Trading SA, uma empresa de comércio exterior, movimentou no ano passado mais de 500 mil bens, como automóveis, produtos de beleza, produtos informáticos e material agrícola, num total de 10 mil milhões de reais (2,8 mil milhões de euros), além de ter investimentos em empresas de aluguer de equipamentos e na área da energia, nomeadamente numa fábrica termoelétrica e em centrais hidroelétricas, no Brasil.

Em Portugal, a empresa adquiriu, em 2015, 30 por cento da concessionária rodoviária Brisa, com um investimento de quase 800 milhões de euros, e também apostou na reabilitação urbana, tendo comprado três edifícios em Lisboa para recuperação e venda.

Este é um dos exemplos de emigrantes portugueses “que têm sucesso e realizam” e que estarão em destaque no I Encontro de Investidores da Diáspora, que decorre em Sintra na sexta-feira e no sábado, sob o lema “Conhecer para Investir”, disse à Lusa António Alves de Carvalho, coordenador do Gabinete de Apoio ao Investidor da Diáspora (GAID), do Ministério dos Negócios Estrangeiros.

A Cisa Trading SA prepara-se para abrir uma filial em Lisboa e o objetivo passa por “investir muito mais em Portugal”.

“Tenho tido a sorte de ter sócios que são brasileiros e verificam que Portugal realmente é um mercado em que vale a pena investir”, disse o empresário português à Lusa.

António Pargana considera que Portugal tem “condições maravilhosas para turismo e para ser o país da segunda residência, oferecendo o seu clima, hospitalidade e comida”.

José Guedes foi para a China há 14 anos como responsável de uma multinacional espanhola na indústria automóvel, mas casou-se com uma chinesa e acabou por permanecer no país, apostando no setor do turismo.

Atualmente, tem uma empresa com quatro hotéis-boutique na China, que destacam o mobiliário tradicional, “uma riqueza que foi praticamente destruída durante o maoismo”, disse o empresário português, que também está a apostar na criação de uma nova empresa de projetos turísticos e hotéis, desde a conceção às negociações com os governos locais ao acompanhamento da gestão.

“Existem neste momento 11 mil projetos novos na China. Os chineses só despertaram para o turismo a partir de uma nova lei de agosto de 2014. Agora, existe uma grande pressão para desenvolver o setor, mas existe uma falta de ‘know-how’ assinalável”, descreveu à Lusa o empresário.

José Guedes referiu que não tem em mente investir em Portugal, uma vez que a sua empresa está “focada num tipo de produto que só faz sentido na China e não noutro lugar”.

A empresa Terras de Portugal, com sede em Barcelona, foi criada em 2013 e é atualmente “o mais importante distribuidor de vinhos portugueses” em Espanha e Andorra, contando com um catálogo de 42 adegas e mais de 300 referências de vinho, descreveu à Lusa João Diogo Stoffel, acionista da empresa.

Entre os seus clientes, incluem-se restaurantes distinguidos no guia Michelin, como o Lasarte, Mugaritz ou ABAC, e supermercados como o El Corte Inglès e Carrefour. A empresa fechará este ano com mais de 60 mil garrafas vendidas e um crescimento de 40 por cento face a 2015.

A Terras de Portugal, que foi fundada pelo irmão de João Diogo, Miguel Stoffel, organiza a cada dois anos uma feira de vinhos – Portugal Decanta –, destinada a profissionais do setor de vinhos, hotelaria e restauração, alternadamente em Madrid e Barcelona, além de participa em diversas feiras de vinho em Espanha.

Além da Terras de Portugal, cujo fundador é o irmão, Miguel Stoffel, João Diogo Stoffel criou, em novembro, a Planalto Capital, com sede em Lisboa e atividade na Península Ibérica, que visa adquirir uma pequena ou média empresa (PME) portuguesa ou espanhola que se encontre numa situação de transição de gestão ou com um problema de sucessão familiar, estimando um investimento de 05 a 20 milhões de euros.

Segundo João Diogo Stoffel, mais de 90 por cento do tecido empresarial em Portugal e Espanha é constituído por empresas familiares e a nova empresa, que conta com uma equipa de 22 investidores de vários países, “está apenas focada em empresas lucrativas em indústrias de crescimento, excluindo-se situações de recuperação ou reestruturação”.

No encontro de dois dias, participaram cerca de 300 empresários, oriundos de 38 países, com o objetivo de trocarem experiências e criarem uma rede de trabalho, com várias estruturas das administrações central e local, empresários e câmaras de comércio, entre outros.

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