Por Odair Sene
A comunidade portuguesa da baixada santista esteve mais uma vez em peso no evento anual aberto ao público, gratuito e intitulado: “Dia de Portugal” (que nas outras edições foi realizado bem no centro, na Praça Mauá, inviabilizada este ano por estar em obras).
Este ano o evento aconteceu dia 28 de junho no Valongo, no Centro Histórico de Santos, à frente do Santuário do Valongo e do Museu Pelé, no dia ensolarado que o Largo Marquês de Monte Alegre foi todo decorado com as cores de Portugal num domingo muito especial porque se comemorou o Dia da Raça, de Camões, das Comunidades Portuguesas, o Dia de Portugal, a data máxima do pequeno país que deu novos mundos ao mundo, um dia inteiro dedicado à cultura portuguesa, com muita música, dança, culinária e artesanato, e antes de tudo, com a presença marcante da comunidade que faz de Santos uma das cidades mais portuguesas do Brasil.
Outro atrativo característico disponibilizado ao público foi a montagem das tendas ao entorno oferecendo o artesanato lusitano, como aqueles famosos feitos pelas bordadeiras do Morro São Bento. Além de tendas com os deliciosos doces portugueses (como os famosos pasteis de nata) e um dos símbolos mais fortes da culinária lusitana, o mais famoso: bolinho de bacalhau. Tudo isso preparado, organizado e com um objetivo muito maior: beneficiar a Escola Portuguesa que atende 110 crianças carentes na periferia da cidade.
Além do cunho benemerente, os organizadores divulgaram que o evento (que já virou tradição em santos) tem como objetivo resgatar a cultura portuguesa, valorizar a forte influencia de Portugal na formação do povo e da cultura santista.
Abertura do evento aconteceu as 9:30 da manhã e foi comandada no palco pelo diretor do Centro Cultural Português, Vasco Monteiro e pelo José Carlos Tavares. Teve apresentação das portas bandeiras das associações e grupos folclóricos, e logo em seguida o “Ranchinho da Escola Portuguesa” abriu as apresentações com as danças ensaiadas pelo grupo de crianças da escola, bastante aplaudidas pelo público.
13 atrações entraram no palco de 9hs às 17 horas
Ainda antes da solenidade oficial de abertura, dançou também o Tricanas de Coimbra. Só a partir de 10:30 da manhã o protocolo convidou para subirem ao palco as autoridades políticas presentes, como o ex-prefeito João Paulo Tavares Papa, vereadores, secretários do atual prefeito Paulo Barbosa e os líderes associativos da região, além claro, do cônsul Armenio Mendes e do organizador e atual presidente da Escola Portuguesa José Augusto do Rosário.
Alguns convidados no palco usaram do microfone, caso do ex-prefeito João Papa que, dizendo que o Brasil tem “alma portuguesa”, destacou várias regiões de Santos com forte características lusitanas, caso por exemplo do Morro São Bento com construções típicas madeirenses, mas enfatizou que cidade tem no geral uma presença portuguesa muito viva, referindo também que a cidade deve muito aos portugueses construtores radicados em Santos que acreditaram no potencial econômico da cidade e ajudaram no progresso aos longo de muitas décadas.
Sem muito alongamento nas intervenções, quem também falou foi a maior autoridade representativa da diplomacia lusa na região, Armenio Mendes, o cônsul honorário, que entre maio e junho ficou 35 dias em sua terra natal, lembrou que Portugal vive um momento político e econômico “turbulento”, mas que, sentiu das pessoas que pôde conversar em Portugal, que “as coisas estavam começando a caminhar” e, segundo ele, este tipo de declaração, de quem vive na “turbulência” é muito animadora.
Armenio também disse que vive no Brasil há 52 anos e que já se considera um “português brasileiro” e como tem duas pátrias, estando em uma sente seu coração pulsar pela outra e vice-verso. “É uma pessoa dividida entre dois países, é assim que eu vivo há mais de 50 anos, e vivo o sentimento de gostar da minha terra, da minha aldeia, do lugar onde nasci, mas também vivo o sentimento de amor pelo Brasil (…) Claro que os descobridores deram o arranque para ampliar geograficamente o nosso pequeno Portugal, mas certamente os emigrantes fizeram a sua parte, e aqui em Santos, os emigrantes fincaram a bandeira portuguesa através desses edifícios que estão aí”, disse se referindo aos construtores portugueses radicados em Santos (citados pelo João Papa), caso de muitos, mas dele próprio através do Grupo Mendes.
Após a solenidade protocolar o dia foi totalmente dedicado às atrações anunciadas no programa. Durante todo o domingo, até as 17 horas, músicas portuguesas através de 13 atrações diferentes, grupos musicais, de fados, ou de grupos de folclore, se apresentaram para alegria do ótimo público presente.