Dom Orani Tempesta

Em face de minha posição de presidente da União de Juristas Católicos de São Paulo – UJUCASP, com uma centena de professores, advogados, magistrados, membros do Ministério Público e agentes, quase todos com ampla obra doutrinária escrita e com sólida formação cristã, tive, nos últimos anos, muitos contatos, embora, a maioria deles por meios eletrônicos e telefônicos, com o futuro Cardeal. Sempre em defesa de valores, que parecem esquecidos ou deliberadamente desfigurados por uma intelectualidade preconceituosa em relação à Igreja.
Foi nosso interlocutor comum o presidente da UJUCARJ, União dos Juristas Católicos do Estado do Rio de Janeiro, Professor Paulo Leão, pois as duas Uniões, de São Paulo e do Rio, tem-se manifestado em matérias polêmicas, na preservação dos valores maiores da família e da sociedade. Assim ocorreu em relação aos inúmeros projetos de lei em tramitação para implantação do homicídio uterino, do suicídio, autorizado ou não, no caso de doenças irreversíveis ou da permissão para casamentos em desacordo com o que estabelece a Constituição –a lei suprema apenas fala em união estável ou casamento entre um homem e uma mulher (art. 226 §§ 1º, 2º, 3º, 4º e 5º)-– embora devam ter (e têm) seus direitos assegurados, os homossexuais.
Desta luta das duas Uniões de Juristas Católicos, mais a do Rio Grande do Sul, sempre com o apoio de Dom Orani e Dom Odilo, sem buscar amesquinhar qualquer adversário ou defensor de ideias opostas, resultou a defesa permanente das teses de valorização familiar e da vida, na linha de que se deve combater o erro e auxiliar e compreender o errado.
Ora Dom Orani, com a delicadeza própria de um pastor que acolhe todas as suas ovelhas, tenham elas o perfil que tiverem, permanentemente difundiu os valores próprios da religião católica apostólica romana com carinho, segurança, sabedoria e tolerância.
Tal maneira de ser permitiu-lhe conseguir, com todas as dificuldades que as Jornadas Mundiais da Juventude enfrentaram, inclusive de clima, torná-las um sucesso universal, com a estupenda presença do vice-Cristo na terra, Papa Francisco, em todo o seu esplendor. Milhares de jovens e menos jovens fizeram uma reflexão –e não poucas vezes, definitiva— sobre a relevância da fé católica.
Dom Orani, seja nos diversos contatos que mantivemos para defesa dos valores cristãos e da humanidade, seja na fantástica condução das Jornadas Mundiais da Juventude, revelou-se sacerdote de tal magnitude, que todos, após a apoteótica realização do evento, não tinham mais dúvidas de que seria um dos futuros cardeais, na primeira nomeação pelo Papa Francisco.
E sua nomeação agora confirmada, não só fortalecerá a fé de milhões que nele vislumbram um santo sacerdote de coração aberto para todos, mas também se transforma em homenagem à Cidade Maravilhosa, que não perde jamais seu brilho, com o correr dos anos.
Que Deus lhe dê longa vida para continuar a conduzir multidões e converter o coração dos homens para os verdadeiros valores da família e da sociedade, que são fundamentalmente cristãos.

 

Dr. Ives Gandra Martins
Professor Emérito das Universidades Mackenzie, UNIFMU, UNIFIEO, UNIP e das Escolas de Comando e Estado Maior do Exército-ECEME e Superior de Serra-ESG, Presidente do Conselho Superior de Direito da Fecomercio e do Centro de Extensão Universitária – CEU – [email protected] e escreve quinzenalmente para o Jornal Mundo Lusíada.

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