Programação do Museu da Língua Portuguesa na 15ª Festa Literária de Paraty

Da Redação

O Museu da Língua Portuguesa leva para a 15ª edição da Festa Literária Internacional de Paraty (Flip) programação especial com exposição, rodas de conversa, oficina literária e apresentações artísticas. As atividades serão realizadas na Casa de Cultura, no centro histórico de Paraty, e são gratuitas e abertas ao público em geral.

Homenageado deste ano, a obra do escritor carioca Lima Barreto estará em discussão nesta edição, que acontece de 26 a 30 de julho de 2017. Também durante a Flip, a Casa Amado e Saramago, localizada no Centro Histórico de Paraty, oferecerá uma ampla programação com apresentações de livros, mesas redondas, concertos, sessões de leitura e exposições.

No ano em que comemora a sua primeira década de vida, a Fundação José Saramago estabeleceu uma parceria com a Flip. Em conjunto com a Fundação Casa de Jorge Amado, com o apoio do Ministério da Cultura de Portugal e da Companhia das Letras, e a colaboração da Delta e da Adega Mayor, a FJS terá um espaço próprio na 15ª edição do principal evento literário de língua portuguesa.

“Será a festa da língua portuguesa. Celebrar esse idioma falado em nove países e por mais de 260 milhões de pessoas em um dos maiores eventos literários do país, com atividades que vão desde um dos recortes mais expressivos do Museu – a praça da língua – até expressões das culturas indígenas e caiçaras, demonstra o quanto nossa língua é vibrante, intensa e presente nas mais diversas manifestações culturais”, afirma o secretário da cultura do estado de São Paulo, José Luiz Penna.

“Atuar com o patrimônio cultural é, para nós, uma forma de cuidar da educação. Quando criamos o Museu da Língua Portuguesa, inovamos ao apresentar um patrimônio imaterial (a nossa língua) em um museu. Também inovamos ao pensar a exposição principal como uma viagem de reconhecimento das nossas identidades, saberes e culturas, por meio da palavra. Agora, inclusive durante o restauro, continuamos criando novas experiências e relações em torna da Língua Portuguesa, como essa da Flip, para manter viva a missão educativa desse museu”, afirma José Roberto Marinho, vice-presidente do Grupo Globo e presidente da Fundação Roberto Marinho.

“O Museu da Língua Portuguesa celebra a língua viva: falada, escrita, ouvida e cantada. É esse espírito de celebração que trouxemos para a Flip, em seus cinco dias de atividades, e para a exposição Praça da Língua, que fica em cartaz até o fim de agosto”, diz Hugo Barreto, secretário geral da Fundação Roberto Marinho.

“A língua portuguesa é um patrimônio valioso que une Brasil e Portugal. É hoje a língua mais falada no hemisfério sul e uma das mais faladas no mundo. O sucesso de mais de 20 anos da EDP no Brasil está intimamente ligado a este patrimônio comum, que une nossas culturas e aproxima nossos valores, nossa forma de pensar e nossa forma de estar”, diz o presidente da EDP Brasil, Miguel Setas.

O Museu da Língua está sendo reconstruído, em São Paulo, após o incêndio que o atingiu em dezembro de 2015. Estão em curso, atualmente, as obras de restauro da fachada e esquadrias.A inauguração está prevista para 2019. Seu acervo, o patrimônio imaterial da língua, continua sendo celebrado por meio de atividades como as da Flip e as realizadas em maio de 2017 no saguão da Estação da Luz, em São Paulo, para a celebração do Dia Internacional da Língua Portuguesa. Em 10 anos de funcionamento na Estação da Luz, em São Paulo, o Museu recebeu cerca de 4 milhões de visitantes (319 mil destes em ações educativas). Primeiro do mundo totalmente dedicado a um idioma, trouxe ao país um novo conceito museográfico, que alia tecnologia e educação.

Praça da Língua

No Salão Nobre da Casa da Cultura de Paraty, uma instalação audiovisual vai recriar a experiência-símbolo do Museu: a Praça da Língua, espécie de “planetário do idioma” que homenageia a língua escrita, falada e cantada, em um espetáculo de som e luz. A experiência recupera extratos do áudio original do Museu, criada com curadoria de Arthur Nestrovski e José Miguel Wisnik. São trechos clássicos da poesia, prosa e música produzidas em língua portuguesa e interpretados por nomes como Maria Bethânia e Matheus Nachtergaele. A exposição também vai mostrar os avanços na restauração do museu, atingido por um incêndio em dezembro de 2015.

A mesa de abertura da exposição “Praça da Língua” será realizada na sexta-feira, 28 de julho, às 11h. Batizada com um verso de Fernando Pessoa, “Que o mar unisse, já não separasse”, contará com convidados como o editor e livreiro português José Pinho, que transformou a cidade portuguesa de Óbidos em vila literária; a editora da Revista Pessoa, Ana Elisa Ribeiro; a tradutora literária australiana Alison Entrekin, radicada no Brasil; e a jornalista Luciana Araujo Marques. A mediação será do professor da Sorbonne Leonardo Tônus, idealizador do evento Printemps Littéraire, maior evento de divulgação da língua portuguesa na Europa. Também estarão presentes no evento a secretária da Cultura de Paraty, Cristina Maseda; o secretário geral da Fundação Roberto Marinho, Hugo Barreto; e o diretor-presidente da empresa portuguesa EDP, Miguel Setas. A exposição fica aberta até dia 27 de agosto.

Diálogos, oficinas, música e dança

Literatura, língua portuguesa, as identidades na comunidade lusófona e a cultura da região de Paraty se unem na programação do Museu da Língua Portuguesa na Flip. A programação literária, com mesas-redondas e oficina, será realizada em parceria com a Revista Pessoa – publicação voltada para a produção literária de língua portuguesa – com autores, editores, jornalistas e livreiro brasileiros e portugueses.

Na quinta-feira, 27, a oficina “Ortografia também é gente” vai trabalhar a palavra, seus usos e sentidos na era digital, no salão nobre da Casa da Cultura. Na sexta, 28, têm início as mesas-redondas, com a abertura da exposição. Às 13h30, a mesa “Sentir é criar” revisita o “sensacionismo”: movimento criado por Fernando Pessoa, para debater a “análise intelectual do sentimento” e o enfrentamento de questões como o ódio e o medo. Na oportunidade, haverá intervenção de leitura performática da obra de Fernando Pessoa e dos autores convidados (Maria Esther Maciel, Bruna Beber, Ricardo Aleixo e António Carlos Cortez), com mediação do editor da Revista Época, João Gabriel de Lima.

A cultura de Paraty também é presença marcante na programação artística, que acontecerá no pátio da Casa da Cultura, com o Jongo do Quilombo do Campinho da Independência (28); o grupo de ciranda Os Caiçaras (29); o movimento Esquina do Rap, que promove a cultura hip hop na cidade; e o Coral Indígena Guarani da Aldeia Itaxi (30), formado por crianças.

Lusófonos

A jovem romancista Djaimilia Pereira de Almeida e o rapper e ativista Luaty Beirão, ambos nascidos em Angola, estão confirmados no evento, que acontece entre os dias 26 e 30 de julho, em Paraty. Aos dois autores somam-se Pilar del Río, jornalista e tradutora que preside a Fundação José Saramago, e Frederico Lourenço, já anunciado, ensaísta e tradutor de clássicos gregos como Ilíada e Odisseia, à frente do grande projeto de trazer para a língua portuguesa a Bíblia grega.

Letrista, musicista e ativista político, Luaty Beirão chega ao Brasil junto com seu livro Sou eu então mais livre, então, pela Tinta-da-China, escrito durante os dias que passou como preso político numa prisão em Angola, seu país natal. Uma greve de fome iniciada por Luaty ganhou manchetes no mundo inteiro e chamou a atenção de diversas organizações de defesa dos direitos humanos. Condenados a penas de até oito anos, eles foram liberados em junho de 2016, em liberdade condicional. Luaty também lançará no Brasil, pelo selo Demônio Negro, Kanguei no Maiki – a expressão, típica do linguajar da juventude angolana, quer dizer “peguei o microfone”. O livro traz uma coletânea com letras que o autor, assinando como Ikonoklasta, compõe desde 1994.

“A presença lusófona na Flip inclui autores novos e com grande frescor, Djaimilia Pereira de Almeida e Luaty Beirão, que ainda não são conhecidos no Brasil e serão apresentados em Paraty, e um outro que é já referência nos estudos clássicos, Frederico Lourenço, cultuado por estudantes de letras e tradutores pela sua excelência”, diz Joselia Aguiar, curadora da 15ª edição da Flip. “Temos ainda Pilar del Río, articulando a Casa Amado e Saramago, que será sem dúvida um dos grandes destaques, por sua liderança vigorosa e contagiante à frente de uma instituição cultural da lusofonia.”

 

 

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