Gaeco investiga quem pode ter vendido a vaga da Portuguesa na Série A

Promotor espera informações do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado para identificar eventuais contas beneficiadas no processo que rebaixou a Lusa.

 

Mundo Lusíada

Dr. Roberto Lisboa na Assembleia Legislativa de SP. Foto Mundo Lusíada
Dr. Roberto Lisboa na Assembleia Legislativa de SP. Foto Mundo Lusíada

O Ministério Público, a torcida da Portuguesa e a imprensa querem saber quem teria negociado a vaga da Lusa na Série A de 2014. Ainda é apenas uma suspeita, mas a Justiça falando no assunto com ênfase, já reforça e muito a possibilidade de alguém ter pago valores entre 4 milhões e 25 milhões de reais para uma ou mais pessoas do clube para que a comissão técnica não fosse informada sobre a impossibilidade da escalação do meia Héverton no último jogo da Lusa em 2013 no Canindé contra o Grêmio.

Segundo o promotor Roberto Senise Lisboa, que comanda o inquérito civil instaurado pelo Ministério Público de São Paulo, responsável pela investigação do caso Héverton, cinco pessoas podem estar envolvidas na tal “negociação” que prejudicou o clube que é apontado pelo promotor como “vítima”.

O promotor aponta não só o ex-presidente Manuel da Lupa, segundo ele existem mais quatro possíveis implicados na ação. “O doutor Manuel da Lupa, presidente do clube. O doutor Valdir (Rocha), à época diretor do departamento jurídico do clube. O senhor Roberto dos Santos, à época vice-presidente de futebol do clube, responsável pelo departamento de futebol. E dois outros funcionários do clube. Por enquanto, a investigação gira em torno desses nomes”, disse Lisboa numa entrevista à TV Globo esta semana.

O promotor ainda deixou bem claro que, ao contrário do que foi veiculado, a Portuguesa não “vendeu” a vaga na Série A, o clube deve ser tratado como “vítima” nesse caso, possivelmente orquestrado pelos cartolas, como declarou em junho ao Mundo Lusíada.

“A Portuguesa não vendeu a vaga. Ela foi vítima de uma possível venda de vaga, mas não há informação categórica nesse sentido. Não há como afirmar que houve recebimento de dinheiro. Se houve a venda, ela teria ocorrido por conta dos dirigentes, que à época executavam os atos da Portuguesa. Há uma possibilidade, indícios, de que um ou mais dirigentes tenham facilitado a venda da vaga. Estou aguardando informações do Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado) justamente para identificar se conseguimos buscar eventuais contas beneficiadas nesse processo todo”, explicou o promotor.

Outro detalhe curioso levantado esta semana pela imprensa paulista, foi a escala dos acontecimentos. Primeiro o jogador suspenso foi relacionado, a comissão técnica não foi comunicada, depois ficou na reserva até os últimos instantes, acabou entrando no final do jogo, quando veio à tona a questão da irregularidade, o STJD não perdeu tempo e fulminou o clube paulista retirando os exatos quatro pontos que rebaixariam a Lusa e dava ao Fluminense a vaga que o clube carioca precisava, além de ter também beneficiado o Flamengo. Os acontecimentos foram sincronizados, só não se sabe ainda, se foram orquestrados para acontecerem dessa forma.

A Portuguesa em 2014 não conseguiu se reforçar, não tinha nem mesmo a receita da TV antecipada pela gestão Lupa, e com isso sofreu mais um rebaixamento, indo para a Série C. Isso tudo, segundo o MP pode e tem grandes possibilidades de ter sido muito bem premeditado. “Causa estranheza em todos nós que tenha ocorrido uma omissão coletiva desse tamanho e proporção na época em que ocorreu, já que nunca havia ocorrido algo desse tipo na história do clube”, disse Lisboa.

O promotor explicou que a presidência recebia a programação do STJD, enviada pela CBF, com a pauta de todos os julgamentos de atletas e membros da comissão técnica. De acordo com a investigação, essa mensagem foi recebida na terça-feira, três dias antes do julgamento de Héverton pela suspensão, e remetida pela secretaria da presidência aos também investigados Valdir Rocha e para os responsáveis pelo departamento de futebol, como Roberto dos Santos. Na sequência, esses funcionários deveriam repassar a informação na pasta entregue à comissão técnica da Lusa, na época liderada pelo técnico Guto Ferreira. No entanto, às vésperas do jogo, não constava nenhuma observação do tipo no relatório, nem mesmo sobre o julgamento. O que teria levado o treinador a relacionar o atleta.

Fluminense se antecipa de possíveis acusações e entra com pedido de inquérito no STJD

Depois da divulgação pelo próprio Ministério Público, das suspeitas que rondam o Canindé, possíveis envolvidos, investigação do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado, o mais favorecido nessa história, o Fluminense, se antecipou e entrou com pedido de inquérito no Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD), através do seu departamento jurídico.

A preocupação dos dirigentes do Fluminense é de se antecipar a possíveis suspeitas de que o clube estaria envolvido no “negócio”. O jurídico pretende provar que não esteve envolvido nisso, especialmente na questão da compra da vaga na Série A do Campeonato.

Outro grande beneficiado com a punição à Portuguesa foi o outro carioca Flamengo. O time também perdeu pontos com a mesma situação, ocorrida com o jogador André Santos. Assim, caso os paulistas não tivessem perdido os pontos também, o Rubro-Negro seria rebaixado. Este pedido de inquérito do Fluminense terá de ser avaliado pelo presidente do tribunal, Caio Rocha, que decidirá se o caso será repassado à procuradoria. Caso isso aconteça, o procurador-geral Paulo Schmitt será o responsável por avaliar se oferecerá denúncia.

1 Comment

  1. Creio que haja interesses comerciais bem mais relevantes do que uma vaga na série A.
    Engraçado que ninguém cita possíveis responsáveis por toda essa sujeira, apenas colocam os clubes como suspeitos.

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