Portugal deu o pontapé de saída em favor da Grécia na Cimeira do Euro

Numa altura em que o eixo da Europa (França e Alemanha) parecia atolar-se, Portugal foi bem-sucedido ao intervir na cimeira da zona euro com uma proposta que deu oportunidade para a saída do lamaçal em que a Grécia e as instituições da UE se encontram.
Segundo informações da imprensa e as declarações do PM Passos Coelho, Portugal teve um grande papel no desbloqueamento das relações entre a Grécia e os outros 18 países no que respeitava à criação de um fundo das privatizações gregas (50.000 milhões de Euros) como fundo de garantia para os credores. Passos Coelho adiantou que do valor dos 50 mil milhões de euros do Fundo das Privatizações a criar, “25 mil milhões fossem usados para recapitalização dos bancos” e os outros 25 mil milhões fossem empregues, “no abatimento da dívida pública” e no “ financiamento do crescimento”, o que corresponderia, destes 50% do Fundo, 12,5 mil milhões para “baixar o rácio da dívida sobre o PIB e os restantes 12,5 mil milhões para investimento”.
Quanto ao recurso ao fundo de ajuda de emergência (EFSM) para apoio da Grécia não será fácil, também porque nele participam os 28 Estados membros da UE não sendo possível consenso tão rápido dado a Inglaterra e países com nível de vida inferior à Grécia não estarem para já de acordo.
A cimeira política de Bruxelas, mostrou boa vontade mas o busílis da questão vem da economia e das condições exigidas à Grécia. A situação não promete porque o governo grego não tem confiança no Euro grupo nem os países europeus têm confiança na Grécia.
Bruxelas, depois de um parto longo e indesejado, deu à luz uma esperança curta que se manterá mais ou menos estável até passarem as eleições alemãs e francesas em 2017. Então seremos brindados com um novo baralhar de cartas, novamente a ser apresentado pelos interesses financeiros que então justificarão uma nova crise de que bem vivem.
Na realidade quem manda é a economia que se encontra sediada nas grandes potências. Qualquer base de discussão tem de partir da realidade e do compromisso por muito má ou injusta que seja ou pareça ser; nos países nórdicos mais que política discute-se economia, mais que opiniões analisam-se as medidas governamentais e os correspondentes custos e discutem-se fatos, também eles não isentos de interesses próprios. Nos países do sul é-se menos exato mas vive-se mais.
Com etiquetas negativas chega-se a açaimar a opinião
A notícia referida custou a passar na opinião pública portuguesa dado não servir o sistema da lamentação sobre Portugal. Anteriormente, numa certa vertente da opinião pública portuguesa, havia saraivadas de crítica ao governo pelo fato de exigir, da parte da Grécia, capacidade de compromisso.
O que os governos portugueses fazem ou deixam de fazer, sejam eles sociais-democratas ou socialistas, é sistematicamente comentado negativamente pela parte da oposição. Uma focalização unilateral, negativista parece revelar características de perturbação Bordaline. Muitas vezes, Portugal é reduzido ao que se fala dele – a um Portugal dos outros. Isto talvez se deixe explicar por uma tradição de extremo republicanismo de perspectiva partidária e sem pátria, todo ele feito de clubes e adeptos em que o que conta é a cor da camisola. A má consciência fomenta uma cultura da desconfiança e promove um espírito de adepto/admirador que vive da negação do outro e se contenta com a afirmação da própria opinião. Cada qual recolhe para si louros que muitas vezes não passam do maldizer do outro.
A demagogia política é paciente e tem como demarcação fronteiriça a opinião a favor e a opinião contra!
Por António da Cunha Duarte Justo
www.antonio-justo.eu

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