Três mil ovelhas mortas em Oliveira do Hospital compromete queijo da Serra da Estrela

Mundo Lusíada
Com Lusa

Incêndio Florestal em Vieira de Leiria. Foto Helio Madeiras

Pelo menos 3.000 ovelhas e algumas cabras morreram na zona de Oliveira do Hospital, devido ao fogo, o que compromete o futuro do queijo Serra da Estrela, segundo o presidente da Câmara local. A zona de Oliveira do Hospital pertence à região demarcada para esta produção e produtores passaram por processo de certificação de uma das sete maravilhas da gastronomia portuguesa.

José Carlos Alexandrino afirmou à agência Lusa que “a maior parte” dos pequenos ruminantes que pereceram no incêndio de domingo “são ovinos da raça bordaleira” e de outras variedades autóctones cujo leite determina a pureza do queijo regional com Denominação de Origem Protegida (DOP). “Está em causa o queijo Serra da Estrela”, lamentou o autarca, reeleito nas autárquicas de 01 de outubro para um terceiro e último mandato.

Os fogos que assolaram há dois dias o concelho mataram ainda cerca de 5.000 aves, em capoeiras domésticas e pequenas explorações, numa “estimativa provisória” que inclui mais de mil perdizes. José Carlos Alexandrino confirmou ainda no município do distrito de Coimbra oito mortos, 12 feridos graves e diversos ligeiros.

Em Oliveira do Hospital, um primeiro levantamento analisado, numa reunião extraordinária do executivo municipal, aponta para cerca de 200 casas destruídas pelas chamas, sendo “mais de 100 de primeira habitação”, revelou o presidente da Câmara.

Veterinários abrem conta solidária

A Ordem dos Veterinários apelou, dia 18, à doação de palha e feno para os animais sobreviventes nas áreas dos incêndios do fim-de-semana, considerando a situação como catastrófica e muito pior do que a verificada em Pedrógão Grande. De acordo com o bastonário da Ordem dos Médicos Veterinários (OMV), Jorge Cid, à OMV têm chegado, através dos veterinários e entidades locais, inúmeros “apelos dramáticos de pessoas que perderam ‘n’ animais”, estimando que cerca de 80% dos produtores perderam animais na região, sobretudo de pequenas explorações familiares.

“Aliás, desta vez há muitos mais animais mortos do que vivos. Contrariamente ao que aconteceu em Pedrógão, que havia muitos animais feridos queimados a precisar de apoio, neste momento há menos e há muitos mais mortos. Eu diria que são milhares de mortos. Então nas aves é catastrófico, porque a zona centro representa 60% da exploração de aves no nosso país e foi um setor altamente devastado, com pavilhões destruídos, milhares de aves mortas. É dramático e catastrófico”, afirmou.

A Ordem reativou o gabinete de crise criado na sequência da tragédia de Pedrógão e todos os veterinários e entidades que operam na zona afetada no passado fim-de-semana têm feito o reconhecimento das necessidades no terreno. “Os produtores têm pedido se, por favor, podemos arranjar feno e palha para alimentar animais, porque não têm nada para comer. Temos conseguido arranjar água com alguma dificuldade, mas a parte alimentar tem sido muito difícil. Isto também tem a ver com a situação do país, que este ano também foi um ano que não foi fácil”, destacou, acrescentando que “a resposta das autoridades tem a burocracia comum a estas situações” e é preciso agir já.

Nesta quarta-feira, foram dois caminhões com 40 toneladas de alimentação, com dinheiro disponibilizado pela OMV, para Oliveira do Hospital e para a Lousã, locais considerados prioritários.

A conta solidária para donativos canalizados para a compra de alimentos e de medicamentos para os animais atingidos tem o IBAN PT50 0033 0000 00132948492 05.

Também a Turismo do Centro manifestou dia 16 “o mais sentido pesar pelas vítimas dos inclementes fogos que destruíram vidas humanas e animais e bens materiais na região”, salientando que o país está de luto. “Portugal está novamente de luto. Menos de quatro meses depois da tragédia que se abateu sobre as gentes de Pedrógão Grande, Figueiró dos Vinhos, Castanheira de Pera e Penela, o pesadelo dos incêndios voltou ontem a atingir o coração do Centro de Portugal”, refere a Entidade dirigida por Pedro Machado.

Um relatório entregue essa semana aponta para uma possível linha elétrica da EDP no início de um dos incêndios em Pedrogão Grande, no mês de junho, em que mais de 60 pessoas morreram em Portugal.

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