Da Redação
Com Lusa
O presidente da Ordem dos Engenheiros da Região Norte, Fernando de Almeida Santos, alertou que “Portugal, a curto prazo, vai precisar de engenheiros civis que não tem”, antecipando que o país passará a ser de “imigrantes” nesta profissão.
Em declarações à agência Lusa no âmbito da divulgação os resultados da primeira edição do Barômetro da Engenharia, o presidente da Ordem dos Engenheiros – Região Norte (OERN) disse não ter dúvidas de que “vai voltar a haver empregabilidade” nesta área e que “o risco é que não haja engenheiros suficientes para as necessidades”.
Segundo os indicadores da Ordem dos Engenheiros, “com este quadro comunitário de apoio 2014-2020 e com aquilo que ainda há para fazer em Portugal, o país vai atingir a curto, médio prazo “os valores médios europeus da contribuição da construção para o PIB”, cifras que atualmente estão abaixo da média europeia. “Vamos passar rapidamente de um país de emigrantes em engenharia civil para um país de imigrantes no setor”, disse.
Na opinião do presidente da OERN, para os 4,5 bilhões de euros em infra-estruturas, nomeadamente ferroviárias e portuárias, previstos no próximo quadro comunitário de apoio, Portugal vai “precisar em média de fornadas de engenheiros jovens a sair das universidades portuguesas na ordem dos 350 a 400 por ano”. “Este ano foram aceites no sistema, pela falta de procura de engenharia civil, cerca de 150. A médio prazo vamos fazer regressar alguns engenheiros que emigraram, mas mesmo assim são insuficientes e teremos que ‘importar’ mão-de-obra de engenharia especializada em Portugal”, alertou.
Sobre os dados do barómetro – para o qual foram entrevistados 100 engenheiros civis, com idades entre os 30 e os 55 anos – Fernando de Almeida Santos destacou o fato de “os inquiridos, na sua maioria, responderem que apesar da crise preferem continuar a trabalhar em Portugal mesmo em condições menos adequadas do que equacionar emigrar”.
“Pelo menos a faixa etária que já está mais estabelecida porque os engenheiros à volta dos 30 anos estão muito mais disponíveis para, se necessário, sair do país. Era o único ponto do barômetro que estava muito à espera de ver qual era a resposta”, confessou.
Outro dos resultados prende-se com a nota negativa dada pelos entrevistados à atual situação da engenharia civil, tendo 76% avaliado como “mau” ou “suficiente” o estado do exercício da profissão em Portugal. “São números que preocupam mas que são sinal dos tempos. Depois de anos com grande construção em Portugal, com crise que se instalou, principalmente desde 2008, que houve uma hecatombe do investimento na construção”, justificou.
O presidente da OERN explicou que a instituição decidiu fazer o barómetro para perceber os motivos que levam à falta de atratividade para a engenharia civil. “Implementamos medidas para criar dimensões que permitam o acesso mais direto ao exercício profissional, seja através da internacionalização via protocolos bilaterais, seja através de projetos que permitam a aceleração no acesso à profissão, seja na atratividade à engenharia”, antecipou.
Portugal tem engenheiros civis formados para mais de 30 anos, podem fechar as escolas, e deixar apenas um pólo formativo a fim de manter um pequeno grupo de docentes no activo, pois é uma profissão sem dignidade no pais com salários miseráveis, ao que parece para os que conseguem um trabalho ganham á volta de 600 euros mensais, o mesmo que um empregado de limpeza. E de resto esta profissão foi substituida grosso modo pelos arquitectos, em face da alteração das qualificações profissionais no país no passado recente. Sem dignidade profissional naturalmente não haverá jovens para essa profissão.