Portugal condena ataque e garante que está “ao lado da França”

Mundo Lusíada
Com agencias

TragediaFrancaO Governo português emitiu um comunicado a condenar “veementemente” o atentado ocorrido na cidade francesa de Nice, na noite de quinta-feira, garantindo que “Portugal está ao lado da França” no combate ao terrorismo.

Em nota enviada pelo gabinete do ministro dos Negócios Estrangeiros, o Governo português “repudia” o ataque – atribuído pelas autoridades francesas a um cidadão franco-tunisino de 31 anos, residente em Nice, que lançou um caminhão contra a multidão que se encontrava na avenida marginal da cidade costeira – “que manchou de terror e dor um dia de celebração da liberdade e da fraternidade”, que é feriado em França.

Para já, não foi identificado nenhum cidadão português entre as vítimas. “A embaixada e os consulados portugueses em França, em coordenação com as autoridades francesas, estão a acompanhar a situação e a prestar os esclarecimentos e o apoio necessários aos cidadãos portugueses”, garante o Governo.

O executivo português informa ter transmitido o seu “profundo pesar” às autoridades francesas e às famílias das vítimas — o último balanço contabiliza 84 mortos –, manifestando ainda “solidariedade para com os feridos e o povo francês”. O Governo francês decretou três dias de luto nacional.

Ao mesmo tempo, reitera a sua “firme condenação do terrorismo sob todas as suas formas” e assegura que “Portugal está ao lado da França na defesa da paz, da segurança e da liberdade e empenhado na prossecução de ações coletivas de prevenção e repressão de atos terroristas atrozes”.

Também o primeiro-ministro, António Costa, sublinhou que o atentado não atingiu apenas aquele país, mas todos os europeus e que a Europa deve focar-se nos “problemas reais e concretos” dos cidadãos. “Foi um atentado que tocou todos os europeus e isso significa que é uma mensagem muito clara. Porque o que é que deve fazer a Europa no futuro? Deve centrar-se sobre os problemas reais e concretos das pessoas e isso quer dizer a solidariedade da Europa para combater a ameaça terrorista transnacional a que fazemos frente e que ameaça a civilização europeia”, afirmou o primeiro-ministro.

António Costa disse já ter transmitido as condolências ao Presidente da República de França, François Hollande, e ao primeiro-ministro, Manuel Valls, e realçou que todos os europeus partilham mais do que “os grandes valores da Liberdade, Igualdade e da Fraternidade” que se celebravam na quinta-feira em França.

O último balanço aponta para 84 mortos e uma centena de feridos, 18 dos quais continuam em estado considerado crítico, segundo o balanço mais recente das autoridades francesas. O condutor do caminhão foi abatido pela polícia.

Portuguesa estava lá
Fátima Lopes, portuguesa nascida em França, ainda está “muito chocada” horas depois do ataque.
“Estava na Promenade des Anglais [quando] vi aquele caminhão em cima do passeio a levar as pessoas todas à frente. Estava já um senhor morto à minha beira. Estava cheio de mortos (…). Estou muito chocada porque havia muitas crianças mortas”, contou Fátima Lopes, de 50 anos, num relato emocionado à agência Lusa.

Descrevendo uma cena “horrível”, recorda o “pânico incrível” que se gerou, com toda a gente a gritar e “a fugir para um lado e para o outro”. Com o marido, tinham ido jantar com a filha a um restaurante e iam a passar, numa altura em que o fogo-de-artifício estava a acabar, quando viram um caminhão a seguir a alta velocidade.

“Foi tudo tão depressa, o caminhão ia a mais de 90 [quilómetros] à hora”, relatou Fátima Lopes, recordando que até comentou com o marido que o condutor do veículo pesado devia ter perdido o controle ou ter tido problemas nos travões.

“Saímos do carro e começou tudo a parar, a dar assistência às pessoas, a cobri-las com o que tinham, com casacos, sei lá. Eram só mortos, só pedaços de pessoas”, descreveu.

Outros familiares de Fátima Lopes também testemunharam o ataque. “A minha irmã se não fosse o homem dela puxá-la para trás também estava morta. Os meus sobrinhos, com 10 e 14 anos, também viram os mortos como eu e começaram a chorar”, relatou.

Fátima Lopes também recordou que estavam muitos portugueses no local, pelo que teme que estejam alguns entre as vítimas. Segundo dados facultados à agência Lusa pelo secretário de Estado da Comunidades, José Luís Carneiro, atualmente encontram-se em Nice aproximadamente 10 mil portugueses.

As autoridades francesas consideram estar perante um atentado terrorista e o Presidente da França, François Hollande, anunciou o prolongamento por mais três meses do estado de emergência que vigora no país desde o ano passado. A autoria do ataque ainda não foi reivindicada.

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