ONU: Paridade salarial entre homens e mulheres vai levar 170 anos

Da Redação
Com agencias

Logo_dinheiro-money-dolarO especialista da ONU Mulheres, Julien Pellaux, alertou que se nada for feito, a paridade salarial entre homens e mulheres vai levar 170 anos para ser alcançada. Em entrevista à ONU News, em Nova York, neste Dia Internacional da Mulher. Pellaux disse que as Nações Unidas estão “dando início a várias campanhas para promover esse assunto, que na verdade é um assunto político”.

“Tem que ter vontade política, uma resolução política de querer mudar isso. As disparidades salariais entre os sexos não vão se fechar naturalmente. É preciso ter um impulso importante dos governos do mundo todo para (reduzir) essas disparidades,” falou.

Pellaux disse que as leis trabalhistas em muitos países prejudicam as mulheres. “É difícil acreditar: em mais de 155 países existem leis discriminatórias contra as mulheres em assuntos econômicos. Podem ser leis que tentam proteger as mulheres de certos trabalhos que podem ter consequências de saúde, mas que na verdade impedem as mulheres de encontrar os mesmos trabalhos que os homens. Ou podem ser leis, por exemplo, que impedem as mulheres de trabalhar na agricultura.”

Para o especialista da ONU, essas leis discriminatórias têm um papel muito grande na criação de disparidades entre homens e mulheres. Ele deixou claro que a disparidade salarial não discrimina e acontece em países ricos ou pobres e disse que, apesar das dificuldades, a expectativa da ONU Mulheres é alcançar a paridade salarial entre os sexos até 2030.

Para atingir esse objetivo, a organização lançou uma campanha para acabar com as leis discriminatórias até 2021. A iniciativa conta com o apoio de diversos países e parceiros. A ONU Mulheres também quer impulsionar o empreendedorismo feminino e trabalhar com os governos para que as mulheres tenham maior participação nos contratos públicos.

Também o secretário-geral da ONU, António Guterres, divulgou um artigo dizendo que os direitos das mulheres são direitos humanos, uma mensagem ignorada, com frequência, em todo o mundo.

Avanço lento
Segundo o alto comissário de direitos humanos da ONU, muitas conquistas registradas ao longo de décadas estão sob ataque. Zeid Al Hussein afirmou que o movimento feminista alcançou grandes mudanças, mas os avanços têm sido lentos e “extremamente desiguais”.

Para o alto comissário, o mundo precisa permanecer em alerta e não se acomodar com o progresso alcançado. Ele citou, por exemplo, o retrocesso em alguns países de legislações sobre direitos reprodutivos, que visam limitar as decisões das mulheres sobre seus corpos e suas vidas.

Zeid Al Hussein falou sobre o caso do Burundi. Ali uma lei sobre a violência a mulheres culpa as vítimas das agressões por “conduta imoral ou vestimenta indecente”. Ainda que a mesma legislação penalize o estupro no matrimônio.

Um outro exemplo de ataques aos direitos da mulher foi a lei adotada pelo Parlamento de Bangladesh, na semana passada, que aprova o casamento precoce. De acordo com a medida, meninas menores de 18 anos podem casar-se em “circunstâncias especiais”.

O alto comissário da ONU citou a descriminalização da violência doméstica na Rússia, e a resistência em países centro-americanos e caribenhos como El Salvador e República Dominicana à realização de direitos sexuais e reprodutivos.

Zeid afirmou que em todos os retrocessos, são as meninas e mulheres que pagam o preço mais alto além de sofrerem com a marginalização.

Zeid Al Hussein também ressaltou o ativismo na Arábia Saudita para pedir a abolição de uma lei que requer que as mulheres sejam acompanhadas de um tutor do sexo masculino ao saírem de casa.

No Brasil, uma pesquisa mostrou que em 2016, mais de 500 mulheres foram agredidas por hora no país.

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