OMS relata maior surto da doença do legionário em Portugal com mais de 230 casos

Da Redação
Com agencias

Câmara informa sobre o surto. Foto Manuel de Almeida - Lusa.
Câmara informa sobre o surto. Foto Manuel de Almeida – Lusa.

A Organização Mundial da Saúde, OMS, confirmou até 10 de novembro o registro de 233 casos de infecção por legionella na Vila Franca de Xira, área suburbana de Lisboa. Nesta quarta-feira, a RTP informa que o número de infectados já está próximo dos 280.

Falando a jornalistas em Genebra, o porta-voz da agência afirmou que este é “o maior surto” da doença em Portugal e é considerado “uma grande emergência de saúde pública”.

O surto da enfermidade, conhecida como doença do legionário, afetou principalmente pessoas entre 50 e 60 anos de idade. Até a data, 38 pacientes estavam em tratamento intensivo e cinco pessoas, principalmente com doenças adjacentes, morreram.

Christian Lindmeier declarou ainda que na noite entre 6 e 7 de novembro, 17 casos iniciais foram identificados. O número de casos cresceu tão rápido nos dois dias seguintes que o surto foi considerado “invulgar” e “inesperado”.

O escritório regional da OMS na Europa identificou especialistas na doença que estão prontos para serem enviados a Portugal, caso seja requisitado. A fonte do surto ainda não foi identificada.

Em geral, a doença do legionário é transmitida pela inalação do vapor da água contaminada ou névoas. A bactéria vive na água e colonizou sistemas de água quente de 20 a 50 graus Celcius, a contaminar, assim, torres de refrigeração, sistemas de água quente, entre outros dispositivos que contém água.

Não houve transmissão direta entre pessoas. A susceptibilidade à doença aumenta com a idade, especialmente entre fumantes, pessoas com doenças pulmonares crônicas preexistentes e ou imuno-comprometidas.

O porta-voz afirmou ainda que não foi detectado risco em beber água na área afetada. A transmissão da doença está limitada a uma área geográfica com o padrão de disseminação do norte para o sul, com pouca propagação em outras direções.

Neste momento, a preocupação sobre uma disseminação internacional é considerada “muito limitada”, uma vez que a respectiva área em Lisboa não é frequentada por muitos turistas. No entanto, visitantes de outras partes de Portugal à área do surto foram contaminados.

Na procura da fonte do surto, as suspeitas estão concentradas na empresa Adubos de Portugal, onde técnicos da Direção-Geral do Ambiente realizaram novas inspeções na unidade de Forte da Casa. A Adubos de Portugal já tinha revelado que seis dos seus trabalhadores estavam entre os infetados pela bactéria, segundo a RTP.

Governo
O ministro da Saúde afirmou que há uma “desaceleração” dos casos de legionella e que a questão está circunscrita. Paulo Macedo falou à agência Lusa no final de uma visita ao hospital de Vila Franca de Xira, onde estão internados muitos dos doentes que contraíram a doença.

“Podemos dizer que a questão está circunscrita, e isso é importante”, que a legionella não atinge as crianças, “e que temos uma desaceleração dos casos. Mas vamos ter mais casos nos próximos dias, porque estamos a tratar pessoas que ainda têm testes pendentes e que estão a ser tratadas e que podem revelar-se positivas”, disse.

A visita, disse o ministro, serviu essencialmente para transmitir o apoio aos profissionais e aos doentes. Aliás, acrescentou, quer o hospital de Vila Franca, quer a Administração Regional de Lisboa e Vale do Tejo, quer a Direção-Geral de Saúde e outras entidades envolvidas no problema “têm sabido dar uma resposta efetiva e clara a esta situação”.

Além de percorrer várias áreas do hospital e de se inteirar das condições concretas dos doentes infetados com a bactéria, na urgência, no internamento (cuidados intensivos, intermédios e nas enfermarias), o ministro conheceu também as terapêuticas que estão a ser utilizadas e os seus efeitos, e os esforços de contenção que estão a ser feitos por parte da autarquia.

“Neste momento temos como uma probabilidade muito grande de quase circunscrição a esta zona. Quer as situações que foram detetadas em Castelo Branco e noutras partes, e quer um caso no Porto, que já teve alta, estão todas relacionadas com as freguesias de Santa Iria da Azoia, Vialonga e Forte da casa. Os dados que temos neste momento é de que a situação está concentrada nestas três localidades. Não se verifica outros casos noutros concelhos alem dos esporádicos, que acontecem todos os meses e anos”, disse Paulo Macedo.

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