Empresas do Vinho do Porto temem restrições com candidaturas das caves à UNESCO

Da Redação
Com Lusa

vinho_ilustracaoA diretora da Associação de Empresas do Vinho do Porto declarou temer as restrições causadas por uma eventual classificação pela UNESCO das caves em Gaia que, frisou, “não são um museu vivo” mas uma indústria.

A classificação das Caves de Vinho do Porto como patrimônio mundial levanta “alguma preocupação porque não sabemos as implicações e restrições que pode acarretar numa área com uma indústria como a do vinho do Porto”, afirmou à Lusa Isabel Marrana, diretora executiva da associação.

A responsável lembrou que esta é uma ideia com “mais de 10 anos que não foi concretizada” e sobre a qual a Associação de Empresas do Vinho do Porto (AEVP) não recebeu qualquer informação recente.

Na passada semana, o presidente da Câmara Municipal de Gaia adiantou que a autarquia quer apresentar no próximo verão a candidatura das Caves de Vinho do Porto a patrimônio da humanidade, estando já concluído o estudo de ordenamento do território naquele espaço.

Isabel Marrana alertou contudo que “a candidatura terá de ser cuidada e em parceria” com a AEVP, destacando que “as caves estão legalmente situadas” naquele local, tal como “um conjunto de camiões a circularem e linhas de engarrafamento”.

“As caves não são um museu vivo, são uma indústria”, frisou a diretora que acrescentou: “temos um negócio no território que tem de continuar a existir”.

Para a responsável, “do ponto de vista conceptual, faz sentido o triângulo do vinho do Porto” que junte as já classificadas região demarcada do Douro, Centro Histórico do Porto e Serra do Pilar às caves, mas realça que devem ser “acauteladas as necessidades das empresas do vinho do Porto” para que “a indústria funcione”.

“Não é que estejamos contra ou a favor da classificação, que é meritória, mas o que não pode é exigir restrições ao desenvolvimento da indústria”, realçou Isabel Marrana segundo a qual aquele espaço tem uma “componente turística já desenvolvida” que “não será a classificação a desenvolver”.

Já Manuel de Novaes Cabral, presidente do Instituto dos Vinhos do Douro e Porto (IVDP) acredita que a elevação das Caves do Vinho do Porto a Patrimônio Mundial “fecha um ciclo virtuoso que vai renovar o valor turístico, cultural e econômico da região, das cidades, do Vinho do Porto e do seu patrimônio”

“Significa um reforço da salvaguarda e da divulgação de um patrimônio único que traz notoriedade e valor para todos os agentes econômicos e culturais envolvidos”, assinalou, acrescentando que “todas as iniciativas que valorizem o vinho do Porto e a região são importantes”.

Para o presidente do IVDP “a classificação pela UNESCO será um reforço do reconhecimento do valor cultural excepcional dos territórios, das caves e do vinho do Porto à escala mundial”.

A candidatura está a ser preparada desde 2003, tendo em janeiro desse ano a direção da Associação de Empresas de Vinho do Porto (AEVP) reunido com o então presidente da câmara, Luís Filipe Menezes, para discutir a candidatura proposta pela autarquia.

Em 2006, o Governo socialista da altura apoiou a candidatura das Caves do Vinho do Porto a Patrimônio Mundial da Humanidade. A então ministra da Cultura, Isabel Pires de Lima, considerou que o projeto tinha condições para ser aceito pela UNESCO.

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