Em SP, Embaixador traz dados para exemplificar a intensidade das relações Brasil-Portugal

Mundo Lusíada

Embaixador de Portugal em Brasília, Francisco Ribeiro Telles. Foto: Ígor Lopes
Embaixador de Portugal em Brasília, Francisco Ribeiro Telles. Foto: Ígor Lopes

“As Relações Brasil-Portugal: Um Novo Ciclo” foi o tema da palestra que o Embaixador de Portugal, Francisco Ribeiro Telles, proferiu no dia 12 de novembro, na Fundação Armando Alvares Penteado (FAAP) em São Paulo.

Há três anos e meio como Embaixador no Brasil, Telles falou da intensidade das relações entre os dois países. “Costumo dizer que o Brasil está a redescobrir Portugal: pela voz dos nossos artistas, pelos testemunhos dos mais de 5500 estudantes brasileiros que estão nas universidades portuguesas, pela excelência dos nossos centros de investigação, pelas qualificações dos nossos profissionais, pela vanguarda das nossas empresas, pelos sabores dos nossos produtos, pelas recordações trazidas por mais de um milhão de turistas brasileiros que visitaram o nosso país nos últimos dois anos”.

O Embaixador exemplificou ainda com as recentes visitas governamentais, e no nível econômico, com o investimento direto brasileiro em Portugal. Em 2014, e excluindo os tradicionais parceiros europeus, o Brasil foi o maior investidor estrangeiro em Portugal. “Destaco aqui o investimento da Embraer, com 2 fábricas em Évora” disse.

Entre 2010 e 2014 as exportações portuguesas (de bens e serviços) para o Brasil cresceram, em média, 7,1% ao ano. Face a uma “conjuntura desafiante”, entre janeiro e agosto de 2015, as exportações portuguesas (bens e serviços), desceram apenas 1,5% em relação ao período homólogo de 2014. A tendência do ano 2015 aponta, contudo, para uma balança excedentária a favor de Portugal.

“O Brasil continua a oferecer boas perspectivas para a internacionalização das nossas empresas. O investimento direto entre os dois países tem ganho novo fôlego nos últimos anos, reforçando a nossa presença neste mercado e aumentando o potencial de crescimento das nossas relações, da construção à energia, passando pelo agronegócio, o turismo e os serviços. Atualmente, estão instaladas no Brasil mais de 450 empresas portuguesas”.

Segundo ele, as empresas brasileiras também olham cada vez mais para Portugal, além de “porta de entrada para o mercado europeu”, também como plataforma logística e de negócios para atingir outros mercados. Citando a edição 2015 do ranking das multinacionais brasileiras da Fundação Dom Cabral, disse que Portugal é o primeiro país europeu (e 10º em termos globais) de destino das empresas brasileiras.

Até no merado de vinhos, Portugal foi o 3º país que mais vinho exportou para o mercado brasileiro em 2014 (ficando apenas atrás de dois dos vossos vizinhos sul-americanos, Chile e Argentina) com um volume de 9,8 milhões de litros. Portugal representa assim 12% do vinho exportado para o Brasil. “É caso para dizer que os brasileiros estão a tomar o gosto ao vinho português. Não há dúvida que têm bom gosto!” brincou.

O Embaixador fez referência também à participação do Brasil no Programa de “vistos gold” – um regime especial de autorização de residência para atividades de investimento acima dos 500 mil Euros, que é válida para Portugal e para todo o chamado espaço Schengen dentro da União Europeia. Ao fim de 3 anos, o programa gerou mais de 1 bilião e meio de Euros (cerca de 6 biliões de Reais), com inegável contributo para a recuperação do mercado imobiliário português e o crescimento do emprego no país. O Brasil ocupa a segunda posição (apenas atrás da China), com 98 autorizações no final do mês passado.

“Nunca houve tantos turistas brasileiros em Portugal. Desde 2013, são mais de meio milhão de brasileiros a visitar-nos anualmente, fazendo do Brasil o 1º mercado emissor de turistas fora da Europa em Portugal (e, em termos globais, o sexto maior mercado emissor de turistas estrangeiros para Portugal). Onde, aliás, a Comunidade brasileira é a maior Comunidade estrangeira residente” disse, exempificando com os dados de 2014, quando Portugal acolheu mais de 579,6 mil hóspedes brasileiros (+10,7% em comparação com 2013).

“Aproveito para fazer uma breve referência à privatização da TAP, ganha por um consórcio que conta com a participação de David Neeleman, empresário brasileiro-estadunidense e dono da Azul, em parceria com um empresário português”.

Na área acadêmica, fora o programa Ciência sem Fronteiras, estudam em Portugal perto de 5500 estudantes brasileiros, ao abrigo de dezenas de acordos e convênios estabelecidos entre universidades portuguesas e brasileiras. “Este número irá também aumentar significativamente num futuro próximo, uma vez que são cada vez mais as universidades portuguesas que aceitam os resultados do ENEM para as matrículas” visualiza o embaxiador.

Também foi citado em seu discurso o Acordo entre o Conselho de Reitores das Universidades Portuguesas (CRUP) e a Andifes (Associação Nacional de Dirigentes de Instituições Federais de Ensino Superior do Brasil) para o reconhecimento mútuo de diplomas entre universidades portuguesas e brasileiras. Além disso, fez referência também para a recente assinatura do Acordo sobre reconhecimento mútuo do exercício profissional dos membros da Ordem dos Engenheiros de Portugal e dos Membros do Conselho Federal de Engenharia e Agronomia do Brasil, que prevê a mobilidade de profissionais engenheiros entre Portugal e o Brasil.

No plano cultural, citou as celebrações dos 450 anos da cidade do Rio de Janeiro onde, em junho deste ano, decorreram vários eventos culturais portugueses. Além de Portugal ter sido o primeiro país a ser homenageado pela “Virada Cultural de São Paulo”, com ações de gastronomia, cinema, literatura, música e turismo, no Parque do Ibirapuera, numa parceria com a Prefeitura de São Paulo.

O embaixador aproveitou para explorar a atual situação do país, dizendo que Portugal ultrapassou nos últimos anos uma das mais profundas crises financeiras. “Hoje, Portugal reconquistou a sua credibilidade internacional e é um país de confiança e gerador de oportunidades. Tem melhores condições de financiamento, contas públicas mais equilibradas, contas externas excedentárias, maior estabilidade financeira, menor desemprego e uma mão-de-obra altamente qualificada”.

E finalizou dizendo que cada vez mais o Brasil fará parte do futuro de Portugal, como também Portugal será parte do futuro do Brasil.

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