Direção-Geral de Saúde admite epidemia de sarampo em Portugal

Da Redação
Com Lusa

A Direção-Geral da Saúde (DGS) alertou para a necessidade de os pais vacinarem os filhos “sem hesitação” e revelou que desde janeiro foram notificados 23 casos de sarampo em Portugal.

Em declarações à Antena 1, o diretor-geral de saúde, Francisco George, admitiu ainda que os casos registrados correspondem a uma “atividade epidêmica” e lamentou que nem todos os pais vacinem os filhos. O responsável considerou que é “absolutamente incompreensível que um pai ou uma mãe não vacine as suas crianças” e reconheceu que há casos “graves e preocupantes” da doença nesta altura em Portugal.

De acordo com a DGS, dos 23 casos notificados, 11 foram confirmados pelo Instituto Ricardo Jorge e os restantes 12 estão ainda em fase de investigação.

Segundo a imprensa, pelos menos seis casos de internamento por sarampo estão na região de Lisboa, um dos quais uma adolescente que teve de ser transferida em estado grave de Cascais para o Hospital D. Estefânia.

A primeira infecção terá sido detectada numa criança de 13 meses, não vacinada, que deu entrada no hospital a 27 de março, tendo depois contagiado cinco funcionárias, que como estavam vacinadas tiveram a doença mas de forma mais leve.

O sarampo é uma das doenças infecciosas mais contagiosas, podendo provocar doença grave ou mesmo a morte. É evitável pela vacinação e está, há vários anos, controlada em Portugal.

Surto

Mais de 500 casos de sarampo foram reportados só este ano na Europa, afetando pelo menos sete países, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS).

O número de casos de sarampo em Portugal ultrapassou, nos primeiros quatro meses deste ano, o da última década.

De acordo com os vários relatórios sobre doenças de declaração obrigatória, entre elas o sarampo, entre 2006 e 2014, Portugal registrou 19 casos de sarampo — quase todos importados.

Em 2016, Portugal recebeu da OMS um diploma que oficializava o país como estando livre de sarampo, até porque os poucos casos registrados nos últimos anos tinham sido contraídos noutros países.

Com a vacinação gratuita das crianças, a partir de 1974, e sobretudo com a introdução de uma segunda dose de vacina em 1990, o sarampo acabou por se tornar quase uma doença esquecida ou invisível. Mas entre 1987 e 1989 tinham sido notificados em Portugal 12 mil casos, contabilizando-se 30 mortes.

A doença manifesta-se pelo aparecimento de pequenos pontos brancos na mucosa oral cerca de um ou dois dias antes de surgirem erupções cutâneas, que inicialmente surgem no rosto. Segundo a norma clínica emitida pela DGS na semana passada, as complicações do sarampo podem incluir otite média, pneumonia, convulsões febris e encefalite. Os adultos têm, normalmente, doença mais grave do que as crianças e os doentes imunocomprometidos podem não apresentar manchas na pele.

O sarampo, que é evitável pela vacinação, transmite-se por via aérea e pelo contato direto com secreções nasais ou da faringe de pessoas infectadas. Com um período de incubação que pode variar entre sete a 21 dias, o contágio dá-se quatro dias antes e quatro dias depois de aparecer o exantema (erupções cutâneas). Consideram-se já protegidas contra o sarampo as pessoas que tiveram a doença ou que têm duas doses da vacina, no caso dos menores de 18 anos, e uma dose quando se trata de adultos.

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