Com mais de 300 casos de legionella, enfermeiros mantêm greve apesar do apelo do Governo

Da Redação
Com Lusa

Câmara informa sobre o surto. Foto Manuel de Almeida - Lusa.
Câmara informa sobre o surto. Foto Manuel de Almeida – Lusa.

O Sindicato dos Enfermeiros Portugueses (SEP) anunciaram em 13 de novembro que vão manter a greve nacional, marcada para sexta-feira e dia 21, respondendo negativamente ao apelo do governo português para reconsiderar as datas do protesto, tendo em conta o “cenário extraordinário” do surto de ‘legionella’.

A decisão foi anunciada em conferência de imprensa, no final de uma reunião dos dirigentes do SEP que se realizou para avaliar o apelo do Ministério da Saúde.

Numa carta que a Lusa teve acesso, o Ministério afirma recear que a greve, a acontecer nos dias anunciados, “possa comprometer a prestação de cuidados de saúde”, considerando que estão em causa “necessidades em saúde indispensáveis e inadiáveis”.

“Sem questionar o direito constitucional à greve, solicita-se que, tendo em conta o interesse público e o cenário epidemiológico extraordinário atual, se dignem avaliar a oportunidade da paragem laboral já decretada, as consequências nos cuidados prestados às pessoas e a percepção social sobre a greve e os seus riscos”, refere a carta, assinada pelo secretário de Estado da Saúde, Manuel Teixeira.

O Ministério argumenta que o surto de ‘legionella’ “ainda não se encontra debelado, podendo ainda aumentar o número de doentes com necessidade de cuidados de saúde” bem como a necessidade de recursos humanos, nomeadamente enfermeiros.

Indica ainda que não é possível estimar a evolução do número de infectados por ‘legionella’, nem quantificar o número de enfermeiros indispensáveis para assegurar os cuidados de saúde exigidos.

O SEP anunciou no início da semana uma greve nacional de dois dias, em protesto pelos cortes salariais nas horas extraordinárias, exigindo a progressão na carreira e a reposição das 35 horas de trabalho semanais.

Situação
O surto de ‘legionella‘ com origem no concelho de Vila Franca de Xira infectou, até 12 de novembro, 302 pessoas e o número de mortos pode subir para nove, segundo dados oficiais.

Num comunicado com a situação atualizada até às 15:00 de quarta-feira, a Direção-Geral da Saúde (DGS) fala também em nove mortes, explicando que cinco deles morreram de fato devido à ‘legionella’ e que os outros quatro permanecem em investigação. Se confirmarem os quatro casos, sobe para nove o número de mortos.

A ‘legionella’, que provoca pneumonias graves e pode ser mortal, foi detectada na sexta-feira, no concelho de Vila Franca de Xira. A doença do legionário, provocada pela bactéria ‘Legionella pneumophila’, contrai-se por inalação de gotículas de vapor de água contaminada (aerossóis) de dimensões tão pequenas que transportam a bactéria para os pulmões, depositando-a nos alvéolos pulmonares.

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