Autoridades portuguesas cumprem um minuto de silêncio nacional

Membros do Governo e da Assembleia da República prestam um minuto de silêncio em homenagem às vitimas dos incêndios do sábado, na Assembleia da República, em Lisboa, 21 de junho de 2017. ANTÓNIO COTRIM/LUSA

Mundo Lusíada
Com agencias

O Presidente português Marcelo Rebelo de Sousa se associou às 13:00, na vila de Pedrógão Grande, ao minuto de silêncio nacional pelas vítimas do incêndio que deflagrou no concelho. Após cumprir o minuto de silêncio, o chefe de Estado disse aos jornalistas que “todo o país está unido à mesma hora em torno das vítimas desta tragédia e essa unidade nacional é uma unidade que ultrapassa diferenças geográficas, culturais, políticas, econômicas e sociais”.

A decisão de apelar à realização de um minuto de silêncio à escala nacional, foi tomada na terça-feira, em conferência de líderes parlamentares, e anunciada pelo presidente da Assembleia da República, Ferro Rodrigues.

Em declarações aos jornalistas, Ferro Rodrigues adiantou que os deputados cumprem este minuto de silêncio nas escadarias do parlamento. “É uma forma de os portugueses que se querem associar e que querem demonstrar a sua coesão neste momento de grande consternação, de grande dor, puderem manifestar-se”, afirmou, na altura.

O incêndio que deflagrou no sábado à tarde em Pedrógão Grande, no distrito de Leiria, provocou pelo menos 64 mortos e mais de 150 feridos, segundo novo balanço divulgado.

A intensidade do fogo em Góis está a diminuir, mas o concelho ainda não está “fora de perigo” devido à possibilidade de reacendimentos. “A temperatura está bastante elevada, o vento tem-nos traído em todas as noites”, afirmou Lurdes Castanheira, presidente do município do distrito de Coimbra.

O município de Góis faz fronteira com Pedrógão Grande e Castanheira de Pera, no distrito de Leiria, e com o concelho da Pampilhosa da Serra, no distrito de Coimbra, para onde as chamas progrediram, após deflagrarem no sábado, em Fonte Limpa.

Segundo a responsável, são “mais de duas dezenas” as aldeias já evacuadas no concelho de Góis devido ao aproximar das chamadas. “Durante a noite, ainda foi necessário fazer a evacuação da aldeia do Sobral, na União de Freguesias de Cadafaz e Colmeal, por uma questão de prevenção”, apontou Lurdes Castanheira.

Fonte do comando da Guarda Nacional Republicana (GNR) falou num total de 24 aldeias evacuadas: Saião, Salgado, Cadafaz, Colmeal, Candosa, Capelo, Corterredor, Cabreira, Aldeia Velha, Candosa, Carvalhal do Sapo, Tarrastal, Folgosa, Selada do Braçal, Estevianas, Cimeira, Alvares, Amioso Cimeiro, Sobral, Candeia, Travessas, Fonte dos Sapos, Sobral e Moradia.

Ao todo, foram 170 pessoas retiradas, número que inclui cerca de 50 idosos que frequentam um lar na aldeia de Cabreira. Este incêndio já consumiu cerca de 26.000 hectares de floresta, de acordo com dados do Sistema Europeu de Informação de Incêndios Florestais.

O fogo começou numa área florestal em Escalos Fundeiros, no concelho de Pedrógão Grande, e alastrou depois aos concelhos vizinhos de Figueiró dos Vinhos e Castanheira de Pera, também no distrito de Leiria. Desde então, as chamas chegaram aos distritos de Castelo Branco, através do concelho da Sertã, e de Coimbra, pela Pampilhosa da Serra.

Criminoso
O Presidente da Liga dos Bombeiros manifestou-se convicto de que o fogo que deflagrou em Pedrógão Grande teve “mão criminosa”. “Tenho a convicção de que não foi um raio que deu origem ao incêndio”, declarou. O “início do incêndio foi cerca das 15h00 e a trovoada foi mais tarde, quando o incêndio já tinha grandes proporções”.

Após a declaração feita para a tv SIC a Polícia Judiciária vai contactar Jaime Marta Soares para esclarecer as declarações feitas esta quarta-feira.

Recusou ajuda
Desde ontem, a imprensa portuguesa fala de uma situação em que bombeiros espanhóis foram impedidos de entrar em Portugal, por questões burocráticas por meio das autoridades do país.

Um bombeiro espanhol relatou ao jornal El Correo Gallego que um grupo de 60 bombeiros voluntários teria sido impedido de entrar em território português. Eram 60 bombeiros e dois caminhoões cisterna com capacidade para 30 mil litros de água vindo da Galiza.

“Estávamos conscientes da situação que se estava a passar em Portugal, estávamos preparados para intervir e ajudar as pessoas e, por uma questão burocrática, impediram-nos de ir lutar contra um grave problema que acabou com tantas vidas”, lamentou o bombeiro.

Voluntários do Facebook
Enquanto isso, um grupo de voluntários do Porto organizou-se, a partir de contatos das redes sociais, para distribuir bens diversos à população de Pedrógão Grande, Castanheira de Pera e Figueiró dos Vinhos.

O porta-voz do grupo, João Ponciano, explica à Lusa que duas carrinhas chegaram segunda-feira, “cheias até cima” com “bens alimentares, roupa, brinquedos, grande quantidade de medicamentos e comida para animais”, uma recolha que começou com “conversas de Facebook entre amigos” que decidiram atuar por motivos pessoais.

“Estivemos em todos os sítios, casa a casa, pessoa a pessoa, cara a cara”, afirma, explicando à Lusa que o grupo “não podia não vir” à zona porque era necessário “ver com os próprios olhos” a situação e “atuar, fazer alguma coisa”.

Nas aldeias atingidas pelas chamas, “as pessoas pediam-nos tudo” mas, ao mesmo tempo, “davam sinais de gratidão” em relação a toda a ajuda dada.

Agora, está a ser feito um “levantamento dos eletrodomésticos que são necessários”, explica, que não acredita na necessidade de mais alimentos para as populações. “Bens [desse tipo] acho que são suficientes”, diz.

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