Após inundar zonas ribeirinhas do Porto, Douro retorna ao normal

Da Redação

CruzeiroRioDouro_BarcadouroO Rio Douro, que durante a madrugada inundou as zonas ribeirinhas do Porto e de Vila Nova de Gaia, regressou ao início da manhã ao seu leito, deixando para trás muita lama e lixo para limpar.

De acordo com testemunhos ouvidos pela agência Lusa nos locais mais afetados, houve vários estabelecimentos comerciais inundados, embora, graças ao trabalho de prevenção realizado durante o dia de domingo, tenha sido possível evitar maiores prejuízos.

Ainda com cerca de “30 centímetros” da água dentro do seu espaço comercial, em Miragaia, que um colaborador tentava retirar, José Dantas admitiu que conseguiu salvar “todas as máquinas, a tempo e horas”.

“Há sempre prejuízo, porque a instalação elétrica foi afetada e demorará cerca de três dias a reparar, o que nos impede de abrir o café, mas, ainda assim, conseguimos salvar muita coisa”, afirmou, em declarações à Lusa.

Também em Miragaia, onde ainda existe água nalguns pontos mais baixos da via pública, Maria Eugénia relatou à Lusa que teve de sair do edifício onde mora “às cavalitas” de um homem, porque a água acumulada junto ao portão “era bastante”. Contudo, salientou, “a água não entrou dentro das casas”.

Na Ribeira do Porto, Gastão Teixeira, mais conhecido como “Lobo do Mar”, disse que “as coisas não correram muito bem durante a noite, porque a água veio de acima, mas ainda assim não foi mal, porque se esperava que a água pudesse subir muito mais”.

O Centro de Previsão e Prevenção de Cheias (CPPC) do rio Douro tinha alertado na tarde de sábado para a possibilidade de inundações nas ribeiras do Porto e de Vila Nova de Gaia, devido ao mau tempo em conjugação com a preia-mar.

O distrito do Porto é um dos 10 que estão com ‘Aviso Amarelo’ (o terceiro mais grave) emitido pelo Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA), a que se juntam os distritos de Viana do Castelo, Braga, Porto, Aveiro, Leiria, Coimbra, Lisboa, Setúbal, Beja e Faro, os últimos quatro por causa da agitação marítima.

No domingo, o distrito do Porto foi um dos seis em ‘Aviso Laranja’, o segundo mais grave, assim como Viana do Castelo, Braga, Vila Real, Aveiro e Viseu. Os distritos do norte do país foram os mais afetados pelo mau tempo, com o registro de inundações, quedas de árvores, deslizamento de terras.

Sistema de comportas evitou cheias em Aveiro

A cidade de Aveiro foi confrontada no domingo com o risco de cheia, evitada com a abertura das comportas dos canais, mas o sistema precisa de revisão urgente, com um custo superior a meio milhão de euros, segundo o município.

“Ontem foi muito difícil de gerir o caudal dos canais urbanos da ria, face à pluviosidade, e pelas seis da tarde estivemos no limite, mas correu tudo bem”, descreveu à Lusa o presidente da Câmara, Ribau Esteves.

O autarca reconhece, contudo, a urgência em ser feita uma intervenção profunda para manter o sistema de comportas, para o que elaborou internamente um projeto, mas a estimativa de custos aponta para um valor a rondar os 600 mil euros.

“Este projeto tem componentes tão importantes como instalação de uma redundância mecânica na eclusa principal e a substituição completa da eclusa do Canal do Paraíso, junto ao antigo pavilhão do Beira-Mar, que está muito danificada, assim como outras intervenções de menor dimensão, mas que são importantes para a garantia do bom funcionamento permanente do sistema”, explicou.

As eclusas são obras de alvenaria que formam uma câmara destinada a tornar navegável um curso de água e são construídas em trechos em que há desníveis de água, servindo para fazer passar os barcos.

Atualmente o sistema de eclusas apenas pode ser gerido através de uma plataforma eletrônica e a Câmara de Aveiro considera prioritário ter a possibilidade alternativa de abertura mecânica das comportas, para o caso de uma avaria no sistema informático.

Essa situação foi já vivida há dois anos, em que houve necessidade de forçar a abertura da eclusa do canal de S. Roque para evitar as cheias, sendo a situação normalizada depois de a autarquia pagar a dívida à empresa que presta assistência à plataforma eletrônica.

Dado o investimento necessário para fazer a intervenção necessária e os constrangimentos financeiros da autarquia, Ribau Esteves pretende obter a comparticipação da Agência Portuguesa do Ambiente (APA).

“Estamos a trabalhar com a APA, para verificarmos quais das componentes desse projeto poderão ser alvo de financiamento, através do Fundo de Proteção de Recursos Hídricos”, revelou, admitindo ainda que algumas das intervenções tenham de ser financiadas através do Plano Estratégico de Desenvolvimento Urbano da Cidade de Aveiro (PEDUCA).

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